Pedro Passos Coelho deixou, esta sexta-feira à noite, vários recados ao líder do CDS-PP, Paulo Portas, o seu "aliado natural" no Governo. "Não haja dúvidas sobre qual o programa que foi a votos e qual a direcção que se pretende para esse Governo", avisou, no encerramento da campanha do PSD, em Lisboa.
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"Assistimos, nos últimos dias, a alguns exercícios teóricos sobre o dia a seguir às eleições, que não nos deixaram tranquilos", disse o líder do PSD, no comício no Largo do Carmo, referindo-se ao facto de Paulo Portas ter admitido, em entrevista ao JN, a hipótese de não aceitar formar uma coligação com o PSD e optar por ficar apenas no Parlamento.
Passos garantiu que saberá trazer para o Governo "os melhores, os independentes e também o CDS-PP", mas quis deixar vários recados a Paulo Portas. E, pela primeira vez , trouxe para o discurso um dos temas mais caros a Paulo Portas, o da segurança. Citou os polícias que têm de pagar do seu bolso a sua farda e a sua formação, para garantir, que "apesar de não haver dinheiro, não se irá continuar a gastar 30 milhões de euros numa escola que precisava apenas de obras de quatro e depois deixar os portugueses desprotegidos".
No comício do Largo do Carmo - que se seguiu a uma grande arruada pelas ruas da Baixa, onde Marcelo Rebelo de Sousa foi dar um abraço a Pedro Passos Coelho - discursou também o cabeça de lista por Lisboa, Fernando Nobre, "uma escolha simbólica para o futuro", disse o líder do PSD.
"O que temos de fazer não é uma tarefa para militantes de um só partido. Exige dedicação cívica e uma vontade de servir e não de nos servirmos", disse, numa defesa da polémica escolha do presidente da AMI para cabeça de lista por Lisboa.
No comício discursou também Fernando Nogueira, ex-líder do PSD, que deixou várias críticas a Paulo Portas, a quem acusou de ter tido "três posições diferentes" nesta campanha sobre o futuro do CDS após as eleições de domingo.
Nogueira classificou mesmo o programa de Governo dos centristas como "um catálogo de medidas avulsas que apenas irão servir de base negocial à sua eventual entrada numa coligação".
Fernando Nogueira, que participou nesta campanha após 15 anos de ausência da vida política, apontou a "transparência, a seriedade e a decência" como atributos de Passos Coelho, em quem vê a "virtude democrática que é absolutamente essencial para ultrapassar a dificílima situação em que nos colocaram".
Nogueira alertou que, se o próximo Governo falhar, Portugal arrisca-se a sair do Euro e avisou que, se isso acontecer, há um sério risco de a Democracia "colapsar", pedindo aos portugueses que confiem em Passos Coelho e dêem ao PSD uma maioria absoluta no domingo.
No comício estiveram presentes também os ex-líderes Manuela Ferreira Leite e Pedro Santana Lopes, entre outras caras conhecidas do partido.