Portugal empatou ontem, a zero, com a Costa do Marfim. A estreia lusa no Mundial 2010 não teve brilho, embora em nada comprometa as aspirações na prova. Porém, agora, é quase obrigatório ganhar à Coreia do Norte, na segunda-feira.
Corpo do artigo
Mau? Talvez não... Bom? Nem pensar. O seleccionador nacional, Carlos Queiroz, não conseguiu o que queria: entrar a vencer para embalar Portugal rumo aos oitavos-de-final. Olhando para a estatística oficial do jogo, era, de facto, muito complicado ganhar, atendendo a que a equipa das quinas apenas enquadrou dois remates com a baliza. Um deles, aos 11 minutos, bateu no poste. Um disparo de Cristiano Ronaldo, claro está.
A Costa do Marfim escolheu dois alvos para bloquear o jogo português - Ronaldo e Deco. E, se o madeirense ainda conseguiu meter a velocidade máxima em duas ou três ocasiões, para desmontar a barreira defensiva da Costa do Marfim, o luso-brasileiro não teve chama, nem força, nem arte para emprestar alguma magia à operação ofensiva.
Faltou tudo a Portugal, menos organização. Estiveram todos muito certinhos, provavelmente, como Sven-Goran Eriksson, seleccionador da Costa do Marfim, queria e esperava. Sim, o maior problema foi a previsibilidade da estratégia, com jogadores muito preocupados em ocupar os espaços, sem pingo de rasgo ofensivo, sem nada que surpreenda. A única novidade foi mesmo a utilização de Rúben Amorim. O médio entrou na ponta final do jogo, para substituir Raul Meireles. A surpresa não reside na troca, pois Amorim pisa os mesmos terrenos do portista, mas antes na forma como foi lançado, depois de ter sido o último a chegar ao estágio, que integrou faz hoje uma semana.
Mesmo não sendo essa a formatação, é inevitável depender de Ronaldo, porque parece ser o único, nesta equipa de Queiroz, autorizado a rasgar horizontes. Ontem, assim aconteceu. Apenas CR7 conseguiu dar profundidade ao ataque - em poucas ocasiões, é certo -, derivando por ambos os flancos, pelo meio, por todo o lado. Mas sem acompanhamento. Danny nada fez de interessante, muito escondido do jogo. Liedson lutou como um danado, mas era quase impossível fazer mais, pois esteve sempre muito desacompanhado, abafado pelos defesas contrários.
Depois de começar a partida acantonada no seu meio-campo, a Costa do Marfim percebeu que valia a pena ir para cima de Portugal. Terminou a primeira parte com ascendente e entrou bem melhor no segundo tempo, sem perder a solidez defensiva. Construiu duas boas oportunidades, já com Drogba em campo, e conseguiu ser bem mais imaginativa e espontânea no ataque, em contraste com os portugueses.
Apenas uma atenuante
Rigidamente fechada nas suas coordenadas geométricas, a selecção nacional dificilmente poderia esperar melhor. Grande obra não podia sair, porque nenhum artista consegue criar sem um pouco de loucura ou risco.
Ontem, a equipa das quinas foi fria, como o tempo em Port Elizabeth, composta por artistas desinspirados, ou então mais preocupados em não errar do que em criar. O zero no resultado, é, portanto, uma pena mínima bem aplicada. E com apenas uma atenuante: a Costa do Marfim possui, realmente, uma grande equipa, com jogadores que pisam os maiores palcos do futebol europeu. Mas isto já todos sabíamos antes do jogo começar. Também aqui não houve surpresa.
