<p>Sondagem Universidade Católica/JN/RTP/Antena 1.</p>
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Se as eleições fossem hoje, o PS venceria, com 6% de vantagem sobre o PSD. Numa semana, desfez-se o empate técnico registado na última sondagem. No entanto, a perspectiva de maioria absoluta é cada vez mais remota.
O arranque oficial da campanha eleitoral produziu, para os social-democratas, um efeito contrário ao desejado. A avaliar pelos resultados da sondagem da Universidade Católica para o JN, o DN, a RTP e a Antena 1, cujo trabalho de campo teve lugar entre os dias 11 e 14 deste mês, foi nessa fase que o PSD deixou
escapar os socialistas. O facto de perder três pontos percentuais explica, em grande parte, a distância em relação ao principal adversário agora detectada. Mas não explica tudo.
Encontrar razões para tão profunda mudança de cenário constitui um exercício arriscado. Pode apenas constatar-se que o período de realização do inquérito coincidiu com o debate televisivo entre José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, a partir do qual se desencadeou a controvérsia em torno das declarações da líder social-democrata sobre o projecto do TGV e a alegada submissão de Portugal às opções nesta matéria tomadas pela Espanha.
Sucede que a sondagem revela outros indicadores favoráveis aos socialistas que não podem deixar de ser considerados. Embora a CDU seja a campeã da chamada cristalização do voto (86% dos seus eleitores já não "arredam pé"), o PS também deu um grande pulo neste domínio. Isto é: alargou-se o eleitorado fiel ao partido, que já não põe a hipótese de mudar de opinião até ao próximo dia 27. Ainda se situa nos 30% a percentagem de inquiridos que pode alterar a sua posição, mas mais de metade do eleitorado, independentemente da sua opção política, afirma-se convencida de que o PS ganhará.
Por outro lado (ver página seguinte), numa avaliação por áreas o PS leva quase sempre a melhor sobre o seu mais directo adversário. Mesmo no sensível sector da Educação, após uma legislatura marcada por enorme contestação, o eleitorado parece privilegiar a continuidade.
A recomposição de forças reduz a margem da Direita. Embora o CDS de Paulo Portas melhore a sua prestação, passando para 7%, o conjunto dos dois partidos não ultrapassa os 39. Um escore escasso para alimentar esperanças de regresso da AD.
Numa sondagem em que cresce o número de cidadãos que se afirmam disponíveis para votar, os 38% obtidos pelo PS podem também dar um sinal à sua esquerda: de que o voto útil está a afirmar-se e de que quanto mais se afirmar mais prescindível se torna o contributo de comunistas e bloquistas para a viabilização de um Governo, mesmo que apenas através de acordos de incidência parlamentar. Contudo, deve salientar-se que este estudo de opinião também revela que só 9% dos inquiridos acreditam que o vencedor das eleições alcança a maioria absoluta.
No "campeonato" dos partidos à Esquerda do PS, o Bloco tem razões para sorrir. Aumentou para cinco pontos percentuais a vantagem sobre a CDU. Trata-se de uma diferença muito significativa. Mas o pior, para os comunistas, será mesmo o facto de o CDS se lhes ter colado na tabela.