Segundo dia do "Alive!", em Algés, teve como protagonistas os Placebo, emdia menos "pesado" do que o primeiro. Festival finda hoje, sábado, com Dave Matthews
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A vibrante proposta de glam rock dos Placebo entusiasmava, à hora do fecho desta edição, cerca de 20 mil fãs no Passeio Marítimo de Algés, no segundo dia do Opimus Alive!, que termina hoje, com a Dave Matthews Band.
A fauna de ontem foi declaradamente diferente da mancha negra que marcara presença no dia anterior. Os pretos metaleiros com pulseiras de picos e cabelos compridos deram lugar a um público colorido e adolescente, aparentemente saudável, com uma pinta nova de glamour. A nível de quantidade de gente, registou-se uma (já esperada) descida: se 40 mil vieram para os Metallica, ontem, o número terá caído seguramente para metade.
A euforia metaleira que marcou o arranque do "Alive!" traduz-se também assim: os 40 elementos da Cruz Vermelha no recinto (quatro deles atendem urgências em bicicletas, há também Moto 4) atenderam 120 pessoas, grande parte delas adolescentes com pequenos cortes ou entorses resultantes de um mergulho em "mosh" mais incauto. "Muitos nem sequer precisaram de nós, já estão habituados", disse Sílvia Massacote, da Cruz Vermelha, revelando, todavia, que "alguns casos de alcoolismo ocasional" também deram trabalho à aguda equipa de socorro.
Os Pontos Negros são moços na casa dos 20 anos (ou menos) e têm vindo a fazer furor nos últimos meses. Não é à toa, é meritório: o quarteto labora um rock refrescante e habilidoso no domínio da sensibilidade melódica. A "Canção da Lili", por exemplo, e ainda que não conste no seu disco de estreia, é uma das melhores malhas do rock nacional dos anos mais recentes. São certinhos, calminhos - conheceram-se numa igreja Baptista - e mostraram-se sobejamente dignos, ontem, para a abertura do palco principal do "Alive!".
Aliás, Jónatas Pires, figura de proa da banda, devia ser oficialmente declarado como a (nova) estrela rock mais "cool" e estilosa do panorama nacional.
Nessa toada de fim de tarde, três raparigas alaparam-se no chão para escrever numa cartolina as letras gordas, a marcador: "Take me to backstage" (leva-me para trás do palco). "É para mostrar aos Kooks", disse uma delas, Jeannine Romão, de 19 anos, nascida na Suíça. Ora, e se os rapazes acederem ao pedido e convidarem as meninas lá para trás - que fariam elas? Resposta pronta da fã, plena de erudição: "Dizia ao vocalista que ele é lindo e que fazem alta música que eu curto bué e está-se bem". Desconhece-se qual terá sido o desfecho de semelhante abordagem, mas registe-se que a banda britânica de "She moves in her own way" pareceu estar à altura das expectativas, tendo semeado euforia na sua actuação.
Contudo, terá sido antes que o "Alive!" viveu um dos seus melhores momentos, com a magnífica e estupenda máquina de rock'n'roll dos Eagles of Death Metal. Jesse Hughes, o vocalista, espécie de Iggy Pop de bigode caído, comandou uma irresistível proposta de garage rock e, cena curiosa, junto ao betão de Algés e do Tejo, equivocou-se na geografia: "Temos o oceano aqui ao lado e estamos na praia", disse.