Só a meio do pequeno percurso, feito lentamente para parecer longo, Pedro Santana Lopes, candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa, se juntou à última arruada da campanha de Manuela Ferreira Leite.
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Sob o quente sol da tarde, a Avenida da Igreja, em Alvalade (Lisboa) acolheu uma multidão laranja bem mais pequena do que a da véspera, no Porto. Ao ritmo de uma pequena bateria de samba, formada por alguns jotas barulhentos, os dirigentes distribuíram panfletos e sorrisos, cuja tonalidade amarela dificilmente era disfarçada.
Com a presidente do partido, no carro, chegou António Borges. À espera, no ponto de partida, vários notáveis. Marcelo Rebelo de Sousa, de boné laranja enfiado na cabeça, José Pacheco Pereira, com ar um pouco enfastiado, Leonor Beleza, Miguel Frasquilho, Alexandre Relvas, Luís Marques Guedes, José Pedro Aguiar Branco... enfim, aqueles que têm sido, ao longo da campanha eleitoral, os indefectíveis de Manuela.
A JSD, que na arruada matinal havia neutralizado a acção dos “Homens da luta”, dupla formada pelo humorista Jel (Nuno Duarte) e pelo irmão, Vasco Duarte, que dão vida às contestatárias personagens Neto e Falâncio, estava à tarde visivelmente cansada. Ao longo da campanha, os 24 membros que acompanharam sempre a líder cantavam, de vez em quando, “só por ti/ só por ti/ quinze dias de carrinha / só por ti”. Cada um desses 15 dias, equivalente a centenas de quilómetros a cantar, está agora gravado nos rostos de todos eles.
Os gritos eram ainda, ontem, de vitória. A tónica não pode mudar, mesmo que todas as sondagens sejam baldes de água fria. Manuela Ferreira Leite, que completa 69 anos em Dezembro, suportou bem o andamento da campanha – delineado à medida dela, claro – e ainda se surpreendia, ontem, quando mulheres do povo rompiam a barreira de fotógrafos, abraçando-a e beijando-a.
Mesmo que o ânimo possa estar mais em baixo, as imagens que saem destas acções não o revelam. No fundo, no fundo, haverá por ali, efectivamente, a esperança em que as sondagens, tal como sucedeu nas europeias, traduzam tudo menos o resultado da votação.