<p>Pedro Santana Lopes comprometeu-se ontem, quarta-feira, a não 'aquecer' a cadeira da presidência na Câmara de Lisboa, caso vença as eleições. O candidato pretende governar a cidade a partir de uma sala colocada em cada Junta de Freguesia.</p>
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Uma 'espécie' de presidência aberta com gestão descentralizada, mas apenas aplicada ao líder do executivo municipal. A receita parece ter agradado às dezenas de habitantes da Zona J, em Chelas, Lisboa, que efusivamente ouviram a promessa de Pedro Santana Lopes, ontem à tarde, de que não exercerá uma futura presidência sedeada nos Paços do Concelho, caso saia vencedor das eleições do dia 11 de Outubro.
O social-democrata comprometeu-se a gerir a cidade a partir de todas as Juntas de Freguesia, rodando por todas o poder para que nenhuma fique de fora deste esquema descentralizador. Com 53 freguesias e 52 semanas - como é obvio - haverá a acumulação da gestão em duas delas. Mas Santana até disse a partir de onde exercerá a sua presidência: "de uma salinha ao lado do gabinete do presidente da Junta".
"Não vou governar nos próximos quatro anos a partir dos Paços do Concelho a não ser nas cerimónias, por força dos compromissos oficiais", adiantou, frisando que "só assim, lidando directamente com os problemas que afectam as freguesias", os problemas poderão ser resolvidos.
"Não quer dizer que nas outras semanas não venha cá [às freguesias]. Estar nos Paços do Concelho não é boa solução. Para receber os chefes de estado que nos visitem isso é, sem duvida. Esta medida apenas se aplica a mim, os vereadores estarão nos seus gabinetes e só cá virão de vez em quando", prosseguiu Santana, após ter anunciado um programa de reabilitação dos bairros sociais de Lisboa, estimado em 400 milhões de euros e que promete mudar a face daquelas áreas em quatro anos.
Para o rosto da coligação PSD, CDS-PP, PPM e MPT esta é a única forma de exercer uma gestão próxima. "Temos de acabar com tanta conversa. A acção começa logo que tomemos posse", disse, garantindo ter programa não para um mas dois mandatos consecutivos. "O trabalho que há para fazer em Lisboa, neste momento, exige esse tempo", explicou, num ambiente onde, apesar da crispação momentânea entre alguns elementos das comunidades cigana e africana, foi muito bem recebido.
Santana Lopes prometeu ainda voltar ali para inaugurar um pavilhão desportivo, que sirva aquela população necessitada de equipamentos sociais. Acabou por ficar o alerta de uma das moradoras, enquanto este falava paras as câmaras de televisão: "Ai, se não fazes aquilo que dizes, quando cá vieres és corrido à pedrada".