O líder bloquista distribuiu beijinhos e apertos de mão e ainda ouviu uma ou outra crítica.
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A curiosidade era alguma e, baixinho, perguntavam-se quem estaria para chegar. Duas mulheres, já passando os 50 anos, aguardavam a chegada do comboio e minutos depois a surpresa: "Acho que hoje vamos ter uma companhia ilustre", dizia uma. "Quem? Aquele ali? Ainda se fosse o bonitão do Sócrates", lançava outra.
Mas, à passagem de Francisco Louçã, nem uma nem outra lhe disseram nada. Aceitaram a propaganda e em risinhos foram entrando no comboio.
O líder bloquista distribuiu beijinhos e apertos de mão e ainda ouviu uma ou outra crítica. "Democracia é votar em quem a gente não gosta. Isso é que é democracia", gritou um passageiro, perante a incredulidade do candidato: "Pronto, respeito a sua opinião", disse, afastando-se.
Em percurso pelas parcas carruagens que seguiam rumo ao Entroncamento, Francisco Louçã bem tentou puxar pelos passageiros, mas o resultado foi quase silencioso. À sua passagem, agradeciam, mas a confiança depositada era pouca. "Hostil? Não, se fosse alguém do PSD seria pior", realçava José Augusto, reformado e que viaja diariamente naquela linha. "Passe social? Isso é tudo muito bonito no papel, mas depois ninguém faz nada", insurgiu-se, mas sem nunca voltar a olhar o candidato que insistia em simpatias.
Chegado ao final das composições, Francisco Louçã abeirou-se de uma entrada para conversar com os jornalistas. "A minha saída é aqui, alguém se importa que eu ao menos vá trabalhar?", questionou um passageiro, que, ofendido, se dirigiu a outra saída.
Já no Entroncamento, o líder bloquista continuou a operação e não hesitou em cumprimentar os militares que, oriundos de Santa Margarida, aguardavam o próximo comboio. Um ou outro sexagenário cumprimentava-o e aos poucos as bandeiras da comitiva esmoreciam. "Logo à noite no comício é que vai ser", ouvia-se.