<p>Requalificação da frente de mar, atracção de investimento e novas vias estruturantes são o cartão-de-visita de Gaia, mas a Oposição diz que a Câmara esqueceu o lado social e mesmo o PSD lança um pacote de apoios nesta área.</p>
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Um concelho desenvolvido de forma equilibrada, conforme garante a actual maioria autárquica, ou apenas "para turista ver", como diz a Esquerda? Esta é uma questão que está a marcar o debate em Gaia, com a área social a dominar.
Foi por causa da crise que Luís Filipe Menezes prometeu, no lançamento da candidatura, uma campanha poupada. Mas se o presidente da Câmara tem repetido que o seu concelho até consegue proteger-se da crise que assola o país, a Oposição não pensa assim e acusa-o de não tomar medidas para minimizar o impacto nos munícipes e de só apostar "no betão". Talvez por isso, o candidato social-democrata tenha destacado, dos seus "48 projectos" para 48 meses, medidas sociais. O alargamento da oferta de livros a todos os alunos do nono ano, o apoio a famílias numerosas, cantinas sociais nos parques empresariais e um cartão para idosos são alguns exemplos.
Nesta campanha, também o PS promete um cartão dirigido ao idoso. Multiplicar por cinco o número de vagas em serviços de apoio domiciliário, centros de dia e lares é outra proposta de Joaquim Couto. Mais equipamentos sociais e uma rede alargada de apoio domiciliário é o que prevê, igualmente, a CDU, enquanto o Bloco de Esquerda reclama, por exemplo, redes de cantinas e creches. Ainda no plano social, há outro denominador comum, com a Esquerda a recordar que Gaia ganhou o título de concelho com mais desempregados. E também o MPT - Partido da Terra, que concorre à Câmara com Nuno Aldeia, elege a criação de postos de trabalho como prioridade. Além disso, propõe cartões de descontos para os gaienses e centros de noite para idosos.
Ao JN, Joaquim Couto disse que a Direita "desenvolveu um concelho a duas velocidades". "Frentes de mar e de rio aceitáveis mas o interior muito mal tratado", contrapõe. Concluindo que, nas questões sociais, Menezes "falhou redondamente", pergunta por que não contratualizou com o Governo, como fez para "obras com visibilidade".
O PS nota, a propósito, que novos equipamentos sociais trariam "centenas ou milhares de postos de trabalho". E que a Câmara "cria ela própria desemprego ao pagar mal às empresas". Porém, numa carta aos munícipes, Menezes lembra que a abertura de empresas como o El Corte Inglés e a construção de hotéis em Gaia "significam milhares de postos de trabalho".
Dúvidas parece não haver de que a requalificação das praias é a imagem de marca deste Executivo, que consagrou Gaia campeã das bandeiras azuis. Mas o PS exige o mesmo para todas as praias fluviais. A requalificação "é só junto ao mar" e "junto ao rio", denuncia, por sua vez, Ilda Figueiredo. Ou seja, "atravessa-se a rua e começam as carências". A obra dos últimos anos, nota a candidata da CDU, "foi para bilhete postal ilustrado e turista ver". A mesma frase é usada pelo BE. João Semedo diz que Menezes transformou Gaia numa cidade "para turista ver e num paraíso para especulação imobiliária".
Mais uma vez, o diagnóstico coincide, pois a CDU garante que "não cede à especulação imobiliária", concluindo que "a política de embelezamento de fachadas e vias marginais esqueceu as pessoas".
A mesma preocupação revela o MPT, que promete agir para que o concelho "cresça de forma uniforme". "Nos últimos anos, agravaram-se ainda mais as assimetrias", critica Nuno Aldeia.