<p>Teresa Serpa Pimentel, a anfitriã, toma a palavra: "Um brinde ao seu sucesso". Já antes tinha apresentado Manuela Ferreira Leite como "a futura primeira-ministra de Portugal", usando as palavras que se ouvem nas sessões de esclarecimento. Estamos junto ao rio Douro, na Quinta da Pacheca. Estamos em Cambres, concelho de Lamego, distrito de Viseu. Estamos no Cavaquistão.</p>
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Eventualmente a contragosto, não pela qualidade do produto mas pela predisposição pessoal, lá teve Manuela Ferreira Leite de beberricar, pouco passava das 11 da manhã, um Porto Tawny ali produzido. Depois, viriam as queixas dos vitivinicultores e, claro, as palavras da candidata que encaixavam a visita no programa eleitoral social-democrata: "Este é um exemplo bem acabado de investimento de proximidade. Têm-se perdido imensos apoios comunitários que deviam vir para este sector".
Mas, pasme-se, não é dinheiro que os produtores durienses pedem. "Não queremos subsídios", diziam os que formavam uma roda informal em torno de Manuela Ferreira Leite, clamando que o que falta são políticas sólidas de promoção da exportação, tanto do Vinho do Porto como do DOC Douro. Por exemplo, dizem, falta algo que a todos parecerá óbvio: a promoção integrada da região, enquanto destino turístico, e do vinho que ali se faz. "As pessoas não associam o Douro ao Vinho do Porto imediatamente", nota Teresa Serpa Pimentel, matriarca de uma empresa familiar que foi das primeiras, na mais antiga região demarcada do país, a apostar no enoturismo.
Reclamam todos, por exemplo, que seja desbloqueado o dinheiro que pagam, em taxas aplicadas à produção, ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, mas fica cativo à ordem do Tesouro. "Precisamos desse dinheiro como de pão para a boca, para aplicar na promoção", diz António Saraiva, director-geral da Rozés. Outras reivindicações encaixam perfeitamente no programa laranja (os problemas do Pagamento Especial por Conta e do IVA), outras vão além, caso da necessidade de renegociação da Política Agrícola Comum.
Foi uma visita curta, antes de mais um almoço privado da líder com candidatos e dirigentes partidários. Além dos aspectos folclóricos à medida dos repórteres de imagem - caso dos três rapazes que pisavam uvas, um deles empunhando uma bandeira do PSD -, a ocasião serviu para que dois cabeças-de-lista se mostrassem: José Luís Arnaut, o n.º 1 por Viseu, e José Cesário, viseense dos quatro costados que é há muito o andarilho do partido, candidato no círculo de fora da Europa, apreensivo pela forma como greves dos serviços postais, em países onde há importantes comunidades portuguesas, poderão afectar a votação dos emigrantes.