<p>Numa manhã escolhida para falar de questões sociais e da necessidade de ter políticas integradas com as Instituições Particulares de Solidariedade Social, Manuela Ferreira Leite decidiu visitar a Associação Teatro Construção, em Joane, Vila Nova de Famalicão. Curiosa escolha, adiante-se, pelo facto de a instituição ser presidida por Custódio Oliveira, conhecido militante socialista, que foi, durante longos anos, assessor de Fernando Gomes.</p>
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Tal não intereferiu, naturalmente, na cordialidade da visita, conveniente para a líder social-democrata, que pôde marcar a agenda com mais um dos temas que destaca no programa eleitoral, e também para a associação, que dá alguma visibilidade ao trabalho desenvolvido em áreas como a educação, a cultura, o desporto e a solidariedade social.
Desta vez, e não só pelas razões políticas que atrás clarificámos, a presidente do PSD não ouviu o costumeiro choradinho. É convicção de Custódio Oliveira, até, que nenhum Governo apoiou, como este, as organizações dedicadas à solidariedade social, através de instrumentos como o PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais), que combina dinheiros estatais e do Quadro de Referência Estratégico Nacional (fundos europeus). Mas também, explica, é essencial a boa articulação com o município, liderado pelos sociais-democratas.
Ora, com parte da população congregada à porta (a freguesia é liderada pelo PS e, como uma transeunte nos dizia, a hora da visita era má, "porque as pessoas têm de fazer o comer"), além dos notáveis partidários, casos dos dois primeiros elementos da lista de candidatos, João de Deus Pinheiro e Miguel Macedo, Manuela Ferreira Leite viu aquilo que considera um bom exemplo. "Esta visita serve para mostrar a importância do fortalecimento do apoio às IPSS", disse a candidata, à saída, notando que "é através desta rede que é possível assegurar o apoio social de que o país necessita".
Além de vincar que "o Estado tem de ajudar" tais instituições, Ferreira Leite chamou a atenção para a forma como os apoios se entrecruzam e para a importância do envolvimento das autarquias, que deve ser optimizado.
Foi no meio de todas estas questões, que dificilmente dividem os partidos, que o discurso político derivou para os casos políticos do momento, na circunstância declarações que haviam sido proferidas pelo socialista José Junqueiro, fazendo a analogia entre a campanha do PSD e um discurso de Oliveira Salazar.
Classificando tal alusão de "muito grave" e apontando-a como sinal do desespero socialista, a líder deixou nas mãos de Paulo Rangel, que acompanhou a visita, a declaração mais dura. "O deputado José Junqueiro está, desde o início, por trás desta campanha", acusou o eurodeputado social-democrata, rematando que "é curioso que o engenheiro Sócrates, dizendo que não quer uma campanha de casos, escolha José Junqueiro para falar nos termos em que o fez".