Um menino de nove anos morreu após ter sido "repetidamente agredido e espancado" pela mãe e o companheiro, em Droitwich, norte de Inglaterra. O caso aconteceu em fevereiro de 2021 e o casal está a ser julgado por homicídio.
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A 18 de fevereiro de 2021, Carla Scott, mãe de Alfie Steele, ligou para o 112 a dizer que o filho tinha adormecido na banheira. Quando os socorristas chegaram ao local, a mulher de 35 anos disse que tinha encontrado o menino "submerso", acrescentando que ele tinha "batido com a cabeça". O óbito foi declarado uma hora depois da chamada e a autópsia não conseguiu determinar a causa da morte.
Os 50 ferimentos encontrados no corpo de Alfie bem como as marcas profundas de maus-tratos deixaram as autoridades desconfiadas de que a morte não tinha sido um acidente. Na abertura do julgamento no tribunal de Coventry, na terça-feira, Michelle Heeley KC, advogada de acusação, afirmou que o menor foi submetido a um regime cruel e "sinistro" de castigos pela mãe e o companheiro, Dirk Howell, de 41 anos, e "obrigado a suportar uma vida que nenhuma criança merece". "Ambos consideravam aceitável" bater em Alfie com "cintos ou com chinelos de dedo, e utilizar outras formas mais sinistras de castigo".
Além das agressões, os castigos passavam também por mergulhar o menino em "banhos frios enquanto estava nu" e forçá-lo a "ficar do lado de fora da casa a meio da noite" enquanto atiravam água fria contra ele, revelou a advogada, citada pelos meios de comunicação ingleses. "Alfie morreu em resultado das ações deliberadas e ilegais de Carla Scott e Dirk Howell e, em conjunto, são culpados do seu homicídio".
O menino de nove anos era fruto de uma antiga relação de Carla Scott, que terminou em 2017. Dois anos depois, ela começou a namorar com Dirk e ao fim de seis meses ficaram noivos, embora nunca se tivessem casado.
"Dirk Howell acreditava na disciplina, o que, à primeira vista, não é mau quando se educam crianças pequenas. Mas enquanto se pode pensar na disciplina como ter horários definidos para dormir, para Dirk a disciplina era muito mais física e psicológica".
Há vizinhos do casal que disseram que o viram a gritar e a praguejar "na rua" e a mãe era condescendente com o comportamento. A advogada informou o tribunal que "a acusação apresentará provas de vizinhos que, por vezes, viram uma criança à porta de casa a implorar para entrar, tendo ambos os arguidos recusado a sua entrada".
Os serviços sociais estavam atentos à família e chegaram mesmo a proibir Dirk de dormir na casa da criança, mas Carla alegadamente "desrespeitou esta regra, deliberadamente". A progenitora "sabia claramente como ele era, mas deixou-o ficar na mesma", disse Heeley.
Tentaram enganar a polícia
No dia da morte de Alfie, em fevereiro de 2021, a mãe tentou enganar a polícia, mentindo ao afirmar que o menino tinha "adormecido na banheira".
Quando chegou à casa da família, a "polícia notou que Alfie já estava sem vida, não respirava e estava frio ao toque, muito frio, apenas seis minutos após a chamada para o 112", sublinhou a advogada. A chamada foi feita às 14.24 horas e a equipa de socorro chegou seis minutos depois, às 14.30. Quando questionada sobre quanto tempo tinha demorado a alertar as autoridades para o incidente, primeiro a mulher respondeu "cerca de uma hora" e depois mudou o discurso para "10 minutos".
Durante a reanimação, os técnicos de emergência também notaram água a sair da boca de Alfie, embora não se saiba se entrou antes ou depois da morte. O menino ainda foi levado para o Worcester Royal Hospital, mas o óbito acabou por ser declarado às 15.55 horas. A autópsia foi inconclusiva quanto às causas da morte.
Os jurados foram informados de que Dirk Howell, de Princip Street, Birmingham, já tinha outrora admitido crimes de crueldade contra crianças antes do julgamento, mas nega as acusações de homicídio, homicídio involuntário, crueldade ou ter causado ou permitido a morte de Alfie. Carla Scott, de Vashon Drive, Droitwich, também nega ter cometido assassínio, homicídio involuntário e de ter provocado ou permitido a morte de Alfie e crimes de crueldade infantil contra o filho e outras crianças.
O julgamento continua.