"Situação explosiva no Sueste Asiático", podia ler-se na primeira página da edição diária do JN, a 8 de fevereiro de 1965, um dia após os EUA terem informado o Mundo de que iriam intervir, através do uso da força, na Guerra do Vietname.
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"O presidente ordenou a deslocação para o Vietenão do Sul de um batalhão "Hawk" de defesa aérea. "É provável que sigam outros reforços em unidades e individuais"", relatava o JN, ao citar um comunicado.
O então líder norte-americano colocou, assim, um ponto final na posição que o país tinha adotado perante a disputa, uma vez que desde que esta se iniciou, na década de 50, tinha tido uma participação que se remetia a assistência logística.
O conflito regional no Sudeste Asiático emergiu no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, quando os polos opostos entraram em rota de colisão por questões ideológicas. Ao longo de cerca de dez anos, esta disputa tornou-se num símbolo da Guerra Fria, pois a região Norte era influenciada pelo comunismo, enquanto a do Sul, pelo capitalismo. Durante a liderança de John F. Kennedy, a participação de Washington passava apenas por apoio militar, mas com a chegada de Lyndon Johnson ao poder - logo após o assassinato do antecessor - tudo mudou.
O rastilho foi uma incursão do Vietcong, um movimento de guerrilha comunista apoiado pelo Executivo norte-vietnamita, contra uma base dos EUA. "Ataque vietecongue a instalações americanas no Vietenão do Sul", referia o JN, ao contrapôr com a retaliação: "Aviões E.U. bombardearam bases do Vietenão do Norte".
Tendo em conta que as duas regiões do país, lideradas por Governos diferentes, estavam sob a influência dos EUA e da União Soviética, o JN questionava: "A casca de laranja para uma guerra entre os "grandes"?".
Tal não se concretizou, mas agudizou a tensão entre as potências, sobretudo depois de os EUA frisarem que não tinham outra opção sem ser intervir. "Não temos outra escolha agora senão (...) apoiar o Vietenão do Sul a ajudar o povo daquele país a defender a sua liberdade", informava a Casa Branca, citada pelo JN.
Devido ao vasto número de baixas no Exército dos EUA (perderam cerca de 57 mil homens), em 1973, o então presidente, Richard Nixon, assinou um cessar-fogo e ordenou a retirada das tropas norte-americanas do país.
Apenas em abril de 1975, porém, a rendição de Saigão (capital do Vietname do Sul) pôs fim à guerra. O momento assinalou a primeira vez que os EUA saíram derrotados de um conflito armado.