Doenças como a diabetes e a hipertensão funcionam como aliados do "vilão" SARS-CoV-2, prejudicando o estado de saúde dos pacientes infetados. Se há essa "sinergia", estamos perante uma "sindemia" e não uma pandemia", defende a revista científica "The Lancet".
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"Caso confirmado", "caso suspeito", "mucosas", "covid-19", "período de incubação", "SARS-CoV-2", "comorbilidade", "isolamento profilático"... e a lista prossegue, mostrando que, em apenas sete meses, é possível multiplicar os termos do novo glossário com o qual lidamos diariamente.
No final de setembro, cientistas da revista "The Lancet" acrescentaram outro termo ao já longo debate sobre o novo coronavírus, defendendo que o mundo não enfrenta apenas uma pandemia, mas sim uma "sindemia".
No artigo, Richard Horton, editor-chefe da publicação científica britânica, considera que o vírus da covid-19 não atua sozinho, compactuando com outras doenças, razão pela qual merece "uma abordagem diferente".
Por um lado, explica, existe o Sars-CoV-2 (vírus que causa a covid-19) e, por outro, uma série de outras doenças não infeciosas (por exemplo a diabetes, a obesidade e patologias cardíacas) que funcionam como "cúmplices", acabando por agravar o estado de saúde do infetado. É dessa "sinergia" que surge o termo "sindemia".
"A covid-19 não é uma pandemia. É uma 'sindemia'. A natureza sindémica da ameaça que enfrentamos significa ser necessária uma abordagem mais diversificada se quisermos proteger a saúde de nossas comunidades", defende Richard Horton.
Assim sendo, para o editor da revista científica, combater essas doenças não transmissíveis é o pré-requisito para conseguir dar resposta à atual crise que o mundo enfrenta.
"O número total de pessoas que vivem com doenças crónicas está a crescer. Abordar a covid-19 significa abordar a hipertensão, obesidade, diabetes, cancro, doenças cardiovasculares e respiratórias crónicas", realça.