Ao 114.º dia de guerra, a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, confirmou que a entidade vai propor ao Conselho Europeu a atribuição à Ucrânia do estatuto de candidata à União Europeia (UE). No mesmo dia, o presidente russo, Vladimir Putin disse que a UE já perdeu a sua soberania e vai perder mais de 400 mil milhões de euros devido à "febre de sanções". O exército russo publicou um relatório, reivindicando que, dos cerca de sete mil combatentes estrangeiros na Ucrânia, há 68 de Portugal que continuam no terreno, tendo já sido mortos 19 pelas forças russas. Os pontos-chave desta sexta-feira:
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- O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a decisão da Rússia de iniciar a chamada "operação militar especial" foi difícil, mas "forçada". Segundo Putin, a operação visava proteger o povo do Donbass que estava a "ser submetido a genocídio". O líder russo disse ainda que a União Europeia (UE) perderá mais de cerca de 400 mil milhões de euros no próximo ano devido à "febre de sanções" que impôs contra Moscovo. Para Putin, a UE já perdeu a sua soberania e as suas elites "dançam ao som da música de outros", referindo-se à influência dos EUA e à incapacidade dos países europeus para definirem uma estratégia própria.
- A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, confirmou que a entidade vai propor ao Conselho Europeu a atribuição à Ucrânia do estatuto de candidata à União Europeia (UE), acrescentando que "os ucranianos estão prontos a morrer pela perspetiva europeia". A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considerou que a recomendação envia um "forte sinal político contra a autocracia" e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que, neste momento, o seu país está mais próximo da UE do que alguma vez esteve desde a sua independência em 1990. Já o porta-voz do Kremlin afirmou que a Rússia está a acompanhar de perto os acontecimentos, pois a questão "requer a nossa atenção redobrada". O presidente russo disse não ter "nada contra" a entrada do país na UE, mas questionou se era "aconselhável" que a UE permitisse a entrada, uma vez que Kiev precisaria de enormes subsídios económicos que outros estados-membros podem não estar dispostos a fornecer.
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- O Exército da Rússia reivindicou que, dos cerca de sete mil combatentes estrangeiros na Ucrânia, há 68 de Portugal que continuam no terreno, tendo já sido mortos 19 pelas forças russas. Portugal figura numa tabela com o número de combatentes estrangeiros que o ministério da Defesa da Rússia divulgou, onde se lê que, desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, chegaram à Ucrânia 103 combatentes portugueses, dos quais 19 foram "eliminados", e 16 já deixaram o país. Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português diz ter apenas "o registo de sete cidadãos nacionais" que contactaram os serviços do MNE "informando da sua deslocação para a Ucrânia a título de "combatente voluntário"" e que "não há registo de mortes".
- O governador de Lugansk, Serhai Haidai, voltou a afirmar que "é impossível" os civis saírem da fábrica de produtos químicos Azot, em Severodonetsk, devido aos "bombardeamentos e combates constantes". Segundo o chefe da administração militar da região, estão em andamento negociações para permitir a retirada segura de centenas de civis abrigados na fábrica.
- O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, fez uma visita surpresa a Kiev para se encontrar com Zelensky. É a segunda viagem de Boris à Ucrânia desde o início da guerra. Os líderes discutiram suprimentos de armas pesadas, sistemas de defesa aérea, apoio económico à Ucrânia e novas sanções à Rússia e Boris ofereceu-se para lançar uma grande operação de treino para as forças ucranianas, com potencial para treinar até 10 mil soldados a cada 120 dias.
- O líder do território separatista pró-russo de Donetsk, no leste da Ucrânia, defendeu que a Rússia deve prosseguir a sua ofensiva militar para "libertar" toda a Ucrânia e tomar Kiev.
- O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que o diálogo com a Rússia está suspenso desde que se teve conhecimento dos assassinatos de civis ucranianos e do início da luta pelo domínio da região do Donbass. "A prioridade agora é ganhar a guerra", reforçou.
- Ivan Fedorov, ex-autarca de Melitopol - cidade tomada pelos russos - revelou que os soldados russos roubaram cerejas a agricultores ucranianos sem contarem com um revés. Os produtores já estavam "preparados" e decidiram envenenar a fruta, causando "doença em massa" entre aqueles que a consumiram.
- A Marinha ucraniana afirmou ter conseguido destruir um navio russo que transportava armas e munições no Mar Negro, deslocando-se para a Ilha das Serpentes.
- A Ucrânia vai eliminar a entrada sem visto para russos. A partir de 1 de julho, os russos terão de obter vistos para entrar na Ucrânia
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- O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, manteve, numa entrevista à BBC, a posição oficial do Kremlin, garantindo que "a Rússia não invadiu a Ucrânia". "Declarámos uma operação militar especial porque não tínhamos outra forma de explicar ao Ocidente que arrastar a Ucrânia para a NATO era um ato criminoso", afirmou. Lavrov reconheceu ainda que a Rússia "não está completamente limpa". "A Rússia é o que é. E não temos vergonha de mostrar quem somos", garantiu.
- A Defesa do Reino Unido defende que a Rússia "perdeu estrategicamente" a guerra, sendo, agora, "uma potência diminuída". Tony Radakin, chefe das Forças Armadas britânicas, sublinhou que as forças de Moscovo estão a sofrer pesadas perdas, a ficar sem soldados e sem mísseis. "É um erro terrível. A Rússia nunca dominará a Ucrânia".
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- A ONU alertou que a situação humanitária na Ucrânia, após quase quatro meses da invasão russa, é "extremamente alarmante, quando os combates entre os Exércitos ucraniano e russo continuam a intensificar-se no leste do país.
- A organização do Festival Eurovisão da Canção anunciou que a próxima edição não acontecerá na Ucrânia. Apesar da vitória de Kiev, "dadas as circunstâncias, a segurança necessária para garantir a organização e transmissão do evento" não podem ser asseguradas. Assim, como alternativa, pondera-se dinamizar o festival no Reino Unido, segundo classificado na edição deste ano.