Líder japonês visita local do ataque que colocou os EUA na II Guerra.
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"O presidente Obama não apresentou qualquer pedido de desculpa quando visitou Hiroshima, em maio. Isso quer dizer que também não tenho de pedir desculpa em Pearl Harbor". Claro como água, o primeiro-ministro japonês explicou ao que ia bem antes de aterrar em Honolulu, numa visita anunciada, erradamente, como a primeira de um líder japonês ao local do ataque que o Japão conduziu no porto havaiano a 7 de dezembro de 1941, sem antes declarar guerra aos Estados Unidos - uma violação à luz da lei da guerra.
Shinzo Abe foi trabalhar para o futuro. Foi homenagear as vítimas e ver o Memorial USS Arizona e o navio de guerra com o mesmo nome que jaz afundado sob os pés dos visitantes. Mas nunca pedir desculpa. Porque a história está carregada de incertezas e outras tantas especulações sobre quem sabia o quê e os interesses de cada um no dramático episódio. Certo é que levou os EUA a entrar na II Guerra Mundial, cujo princípio do fim seria marcado por outro horror: a bomba atómica, em Hiroshima e Nagasaki. Sem desculpas.
As teorias são várias e dizem, por exemplo, que os EUA teriam decifrado comunicações japonesas e sabiam do ataque. E que nada fizeram para impedi-lo porque queriam ter uma razão para entrar no conflito. Dizem que o Japão sabia que a batalha estava perdida antes de começar, mas que o orgulho de uma nação desprezada pelas campanhas no Oriente (e privada de fornecimento de petróleo) tinha de ficar escrito.
Trata-se agora de selar simbolicamente o desafio assumido por Abe desde que chegou ao poder: dar início ao pós-"era pós-guerra" e acabar com as restrições impostas ao Japão - designadamente militares. E, de passagem, livrar os japoneses de um fardo. "Não devemos deixar os nossos filhos, netos e gerações vindoiras, que não têm nada a ver com aquela guerra, serem predestinados a pedir desculpa", disse, em 2015, nos 70 anos do fim do conflito.
