O fornecimento de água à Cidade da Praia será restabelecido na terça ou na quarta-feira, anunciou hoje o PAICV, o partido no poder, numa conferência de imprensa realizada ao 14.º dia consecutivo de corte no abastecimento à capital de Cabo Verde.
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Numa conferência de imprensa, destinada inicialmente a refutar críticas da oposição à falta de água na cidade, sete dos 11 deputados do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) eleitos pelo círculo de Santiago Sul quebraram o silêncio oficial que tem reinado a propósito deste problema.
Julião Varela, "porta-voz" dos parlamentares, admitiu ser "inadmissível" que a Electra, empresa pública de produção e distribuição de energia e água, ainda não tenha vindo a público explicar quer a avaria detetada há precisamente uma semana na principal unidade de produção quer o prazo de resolução do problema. Esta avaria ocorreu após outro corte geral de água para obras de beneficiação da rede.
Reivindicando que foram os deputados eleitos por Santiago Sul, onde se inclui a Cidade da Praia, que tomaram a iniciativa de ir verificar, na sede da Electra, os motivos da falta de água, Julião Varela garantiu que as peças que irão permitir reparar a avaria chegarão na segunda-feira ao país, devendo a situação estar ultrapassada, no mínimo, no mesmo dia ou, no máximo, dois dias depois.
Questionado pela agência Lusa sobre o alerta feito na sexta-feira pelo presidente da Câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva, para o perigo de "calamidade pública" face à situação, Julião Varela também admitiu essa eventualidade, reconhecendo ainda que todos estão revoltados.
"Há o risco de a população se revoltar, mas há também necessidade de se trabalhar em conjunto para que o problema seja resolvido rapidamente", disse, diluindo assim as críticas iniciais sobre a, disse, "encenação" de Correia e Silva, que na sexta-feira visitou vários bairros da capital onde os chafarizes estão secos.
Julião Varela, que não explicou a origem da avaria, apelou ao trabalho conjunto entre Governo, Câmara, Electra, Agência de Distribuição de Água (empresa municipal) e população para que se evitem distúrbios até a situação estar regularizada.
Criticando a "falta de comunicação" da Electra, Julião Varela defendeu que tudo se tornaria mais simples se a empresa pública tivesse divulgado as razões do problema, lembrando ainda que as obras de beneficiação dos depósitos e das condutas foram concluídas dentro do prazo e que a avaria foi uma "imprevisibilidade".
Sobre a polémica em torno da eventual entrada dos angolanos do Banco Africano de Investimentos (BAI) como acionista da Electra, o deputado do PAICV defendeu que "tudo foi feito na maior transparência" e que se trata de "um investimento igual a tantos outros".
O deputado do PAICV criticou ainda o Governo cabo-verdiano, apoiado pelo seu partido, de não ter investido na Electra ao longo dos últimos anos.
José Maria Neves, presidente do PAICV, chefia os sucessivos executivos cabo-verdianos desde 2001.