A Alemanha só tem capacidade para apoiar a ação militar ocidental no Mali com dois aviões, disse a chanceler alemã Angela Merkel, apesar de considerar que a situação na região é "uma ameaça para a Europa".
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"Analisámos a situação e esta é a disponibilidade que podemos oferecer sem colocar em perigo outras missões, como a do Afeganistão", afirmou Angela Merkel, depois de se reunir com o presidente da Costa do Marfim e da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Alassane Ouattara.
Angela Merkel assegurou ainda que "da segurança da região depende também a segurança da Europa" e não descartou o aumento ou a modificação da oferta de apoio da Alemanha, "se as circunstâncias o determinarem".
A chefe do governo alemão fez estas declarações ao lado de Alassane Ouattara, que expressou a sua confiança em que "todos os europeus" contribuam para a missão que a CEDEAO está a preparar, bem como o seu "agradecimento" ao presidente francês, François Hollande, por se ter adiantado com a mobilização de militares.
Antes das declarações de Merkel e Ouattara, o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, tinha confirmado o envio de dois aviões Transall, em vez de cinco - quatro deste modelo mais um Airbus A-310 - que, segundo a imprensa, a Alemanha ia disponibilizar.
Os dois aparelhos vão ser utilizados no transporte de soldados dos países africanos vizinhos do Mali para Bamaco, mas não para a zona onde há conflito, especificou Merkel, o que, no seu entender, dispensa o pedido de autorização ao Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão.
"Em função dos acontecimentos, e se a situação o exigir, não duvidaremos em apresentar a solicitação ao Bundestag", acrescentou Angela Merkel.
Tanto Merkel como Ouattara fizeram questão de realçar a importância da luta contra o avanço dos rebeldes salafistas, que já ocupam mais de metade do Mali, bem como de impedir, nas palavras do chefe de Estado costa-marfinense, "que os terroristas se infiltrem [nos países vizinhos do Mali] misturados com os refugiados".
A visita de Ouattara a Berlim coincidiu com as reuniões dos chefes de Estado-Maior da CEDEAO em Bamaco para ultimar a estratégia de utilização do contingente africano.
Espera-se que a CEDEAO afete à missão no Mali 3300 soldados, provenientes na sua maioria de Nigéria, Níger, Burkina Faso e Senegal.
A França prevê colocar no Mali cerca de 2500 efetivos, com o apoio logístico de Dinamarca e Bélgica, para além da Alemanha, entre outros aliados europeus.