Para os que chegaram mais cedo ao aeroporto, não houve sobressaltos, como aconteceu com Mirita Pereira. Souberam do corte de estradas e dos pneus a arder pela televisão. Avistaram nuvens de fumo. Para os restantes passageiros do voo Maputo-Lisboa que tiveram de seguir sob escolta, o cenário foi bem pior.
Corpo do artigo
"Atiraram pedras contra o autocarro. Havia pneus a arder", relatou Anabela Mota e Costa, ao desembarcar na Portela, ontem, às 23.45 horas. A viver há cinco anos na capital moçambicana, disse que havia rumores de que iria haver tumultos, por causa dos aumentos dos preços de bens essenciais. Na véspera, conta, foram passadas mensagens para telemóveis apelando à indignação do povo.
Waldemar Cortez assegura que viu corpos nos passeios, mas não temeu pela vida, porque a escolta policial ia à frente, retirando as barreiras de pneus queimados. "Algumas não deu para ultrapassar e fizemos parte do percurso em corta-mato. Mas de resto foi pacífico". Para Nuno Miguel, o que se passou nos confrontos de há dois anos foi muito pior. Ontem, esperaram das 8 às 13 horas e, por isso, aplaudiram quando souberam que o avião estava pronto para descolar.
Iolanda está a fazer uma pós-graduação, mas esteve um mês em Maputo e também viu pela televisão as lojas pilhadas. "O povo está descontente há algum tempo. No dia anterior, ouvi que iria haver confusão. No centro da cidade, estava tudo calmo. Os problemas eram na periferia e nas estradas de acesso à capital.