Nasceu em 1926, casou em 1948, partiu para o exílio em 1953. Resumo de uma vida nas suas datas mais marcantes.
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1926
Fidel Alejandro Castro Ruz nasceu a 13 de agosto, em Cuba. O pai, Angel Castro, era um imigrante galego bem sucedido com largos hectares de plantações de cana-de-açúcar. A mãe, uma das empregadas da fazenda.
1945
Ingressa na Universidade de Havana e frequenta o curso de Direito.
1948
Casa com Mirta Díaz-Balart e, em 1949, nasce o seu primeiro filho - Fidel Castro Díaz-Balart, conhecido como Fidelito. Viria a divorciar-se em 1954.
1952
Concorre a um lugar no parlamento mas um golpe de Estado de Fulgêncio Batista contra o presidente Carlos Prio leva à anulação das eleições. Contesta o golpe.
1953
Cria um movimento que a 26 de julho tenta tomar de assalto o quartel Moncada. A ação não corre como previsto e a maior parte deles são abatidos. Fidel é detido e, como advogado, faz a sua própria defesa em tribunal da qual fica para a memória a célebre frase: "A História me absolverá". É condenado a 15 anos de prisão mas uma amnistia reduz a pena para menos de dois anos. Desenvolve várias ações nos meios de comunicação social contra o regime e recolhe apoios para o denominado Movimento Revolucionário 26 de Julho. Parte para o exílio no México.
1956
A 2 de dezembro desembarca em Cuba entre um grupo armado de 80 exilados que pretende derrubar Fulgêncio Batista. Chegam à ilha a bordo do iate Granma. Entre eles está também Che Cuevara. Apenas 12 sobrevivem e refugiam-se nas montanhas Sierra Maestra. O grupo ganha força e, dois anos depois, eram já 800 homens.
1959
Fulgêncio Batista deixa o país no primeiro dia do ano. Fidel Castro chega a Havana no dia 8 com grandes manifestações de apoio popular. Um mês depois é investido primeiro-ministro, com a promessa de defender os direitos dos mais pobres. É visto pela população como um herói que irá garantir a distribuição equitativa da riqueza do país.
1961
É alvo de uma tentativa de golpe comandada pelos serviços secretos norte-americanos (CIA) e executada por mais de mil refugiados cubanos a 17 de abril. Após três dias de combates a ação falha e fica conhecida como "Baía dos Porcos", local onde os revoltosos desembarcaram.
1962
A URSS instala rampas de lançamento de mísseis em Cuba, o que leva os EUA a impor um bloqueio naval e a ameaçar invadir a ilha. As estruturas são removidas e consegue evitar-se a guerra, com o episódio a ser denominado como "crise dos mísseis". As relações entre EUA e Cuba agudizam-se. A nacionalização das empresas estrangeiras (na maioria norte-americanas) e a aproximação de Cuba a países comunistas levaram os EUA a decretar um embargo económico para dificultar a entrada e saída de capitais e mercadorias da ilha e pressionar Havana.
1965
Criado o Partido Comunista de Cuba (PCC), único permitido na ilha.
1976
Fidel Castro assume também a chefia do Estado, para além da chefia do governo.
1993
Estados Unidos reforçam embargo em vigor, depois do colapso da União Soviética (1991), para pressionar regime cubano. Fidel opta por legalizar o dólar americano e permitir a constituição de pequenas empresas privadas para revitalizar a economia.
1998
Papa João Paulo II visita Cuba, entre 21 e 26 de janeiro, é recebido por Fidel Castro no Palácio da Revolução e apela ao fim do embargo norte-americano.
Em outubro, o líder cubano desloca-se à cidade do Porto para participar na VIII Cimeira Ibero-Americana.
1999
É neste ano que Dalia Soto del Vale é vista pela primeira vez num ato público (jogo de basebol entre Cuba e Venezuela) - é a mulher que vive com Fidel há quatro décadas e de quem teve cinco filhos - Alexis, Alex, Alejandro, Antonio e Angel. O líder cubano tem ainda outros dois filhos de diferentes relações - Jorge Castro e Alina Fernandéz.
2002
Realizador Oliver Stone acompanhou Fidel Castro durante três dias e produziu um documentário de 95 minutos intitulado "Comandante".
2003
Fidel Castro ordenou a detenção e julgamento de mais de 70 dissidentes, entre jornalistas, ativistas políticos e intelectuais, quando as atenções do mundo estão viradas para o início da ofensiva norte-americana no Iraque. Eram na maioria membros do "Projeto Varela", movimento defensor de uma mudança pacífica para a democracia, e jornalistas independentes.
2006
A revista "Forbes" calcula que a fortuna de Fidel Castro atinge os 900 milhões de dólares (790 milhões de euros), o que coloca o líder cubano em sétimo lugar no "ranking" dos mais ricos do mundo. "Calúnias", considerou Fidel.
A 31 de julho, "surpreende" o mundo ao transferir temporariamente a governação de Cuba para o irmão Raul Castro, por necessitar de uma intervenção cirúrgica devido a uma hemorragia intestinal.
2007
Em janeiro recebe Hugo Chávez, presidente da Venezuela. Em março é a vez do amigo Gabriel Garcia Marquez, Nobel da Literatura. Nesta altura divulga o primeiro artigo de opinião após a cirurgia, ao qual se seguirão outros, sempre com Washington e George W. Bush como tema central.
Junho é um mês "preenchido" com as visitas de Evo Morales, presidente da Bolívia, e do presidente do Partido Comunista Chinês, Wu Guanzheng, e da primeira entrevista desde que foi operado.
A 26 de julho, Cuba assinala o primeiro Dia da Revolução sem a presença física do seu líder histórico e sob liderança de Raul Castro, de 76 anos.
A 13 de agosto, Fidel fez 81 anos. Em dezembro declarou não querer "obstruir a chegada de pessoas mais jovens ao poder".
2008
Fidel anunciou a sua renúncia ao poder a 19 de fevereiro. Dia 24, a Assembleia designou os 31 membros do Conselho do Estado e o novo presidente - Raul Castro.
2010
Regressa ao Parlamento a 7 de agosto, quatro anos depois da entrega do poder ao irmão Raul. Num discurso de 12 minutos, de pé, evocou a iminência de uma guerra nuclear e apelou ao presidente dos EUA para não iniciar o conflito.
Fidel diz que, após a grave doença que o manteve convalescente durante quatro anos, "ressuscitou num "mundo de loucos", numa entrevista ao diário mexicano "La Jornada".
Em setembro, voltou a alertar para os riscos de uma guerra nuclear entre EUA, Irão e Israel numa manifestação com milhares de estudantes universitários, em Havana.
E garantiu ter sido mal interpretado na entrevista à revista norte-americana "The Atlantic Monthly", ao declarar que o modelo económico de Cuba "deixou de servir". O que realmente quis dizer é que o capitalismo não funciona.
2012
Bento XVI visita Cuba em março, durante três dias, e encontra-se com Fidel Castro, para "uma conversa muito animada" de 30 minutos. O Papa apelou às autoridades cubanas que permitam o exercício pleno das "liberdades fundamentais" aos cubanos e condenou o embargo dos EUA à ilha.
Fez 86 anos, a 13 de agosto, e "reapareceu" em outubro numa fotografia após um encontro com o vice-presidente da Venezuela e num artigo publicado no jornal oficial "Granma", para afastar os rumores sobre o agravamento do seu estado de saúde: "mentiras" e "estupidezes", garantiu. "Nem me lembro sequer o que é uma dor de cabeça", escreveu.
2013
Com a morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, a 5 de março, Cuba perdeu "o melhor amigo que teve ao longo da sua história", afirmou Fidel Castro, em declarações publicadas pelo jornal oficial "Granma".
Em abril, o líder histórico da revolução cubana voltou a pronunciar-se publicamente, desta vez sobre a crise na península coreana. Fidel apelou aos Estados Unidos e à Coreia do Norte para evitarem uma guerra nuclear que atingiria "70% da população mundial". "Trata-se de um dos riscos mais graves de guerra nuclear desde a crise dos mísseis de Cuba em outubro de 1962", alertou.
Em dezembro, foram divulgadas imagens do encontro com o jornalista espanhol Ignacio Ramonet, autor do livro "Hugo Chávez. A minha primeira vida".
2015
Fidel surge em público pela primeira vez em 14 meses para um encontro, em abril, com venezuelanos numa escola em Havana. Em março o "Granma" revelou um encontro com espiões cubanos libertados pelos EUA no âmbito da aproximação diplomática entre os dois países e, em julho, o jornal oficial divulgou imagens de outras duas presenças do líder histórico em eventos.
Em setembro, recebeu o Papa Francisco, que estava em visita oficial à ilha. Foi um encontro "muito familiar e informar" que durou cerca de 40 minutos.
2016
Uma semana depois da visita histórica do presidente Barack Obama a Cuba, a primeira de um presidente norte-americano em 88 anos, Fidel pronunciou-se num texto escrito intitulado "Irmão Obama". Referiu que Cuba "não precisa de presentes dos EUA" e que os cubanos correram "risco de um enfarte" ao ouvir Obama falar de cubanos e norte-americanos como "amigos, família e vizinhos".
Fidel reapareceu em público, a 7 de abril. Em Havana, o líder histórico de 89 anos, participou numa homenagem Vilma Espín, mulher do irmão Raul falecida em 2007 e considerada uma da heroínas da revolução.
Nesse mesmo mês, dia 20, falou pela primeira vez da sua morte, numa mensagem ao congresso do Partido Comunista de Cuba: "Vou fazer 90 anos (...) Pronto, serei como todos. A todos chega a sua hora", declarou. "Talvez esta seja uma das últimas vezes que falo nesta sala", admitiu, confiante de que "as ideias comunistas irão prevalecer".