Moedas, notas e selos vão passar a ter a imagem do novo rei. "God Save the King" ouvido pela primeira vez esta sexta-feira.
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Setenta anos depois, as moedas, notas e selos do Reino Unido vão voltar a ter o rosto de um rei. Logo após a morte de Isabel II ser anunciada, começaram as mudanças naqueles que são os símbolos reais. A alteração mais direta ficou esta sexta-feira assente com a substituição do hino nacional: "God Save the King (rei)" foi entoado pela primeira vez, refletindo a mudança de monarca.
Um dia após a rainha ter dado o último suspiro, Carlos III fez o primeiro discurso enquanto rei e ouviu-se o novo hino nacional, em uso desde 1745, que substitui "God Save the Queen (rainha)", na Catedral de São Paulo, em Londres, onde decorreu uma missa em homenagem a Isabel II. No entanto, a morte da monarca vai gerar uma série de outras alterações que, de acordo com o protocolo, deverão ser seguidas à risca.
No que diz respeito a questões religiosas, a rainha era a "defensora da fé e governadora suprema" da Igreja Anglicana, o que mudará. As orações inscritas no Livro de Oração Comum precisarão de ser alteradas, pois fazem referência a Isabel II e, agora, o cargo de chefe máximo da instituição será entregue ao novo monarca.
Dois anos de transição
Após o mais longo reinado da História do Reino Unido, mais difícil será apagar a imagem da rainha dos selos, moedas, notas ou bandeiras. Até fevereiro de 2021, circulavam 4,5 mil milhões de notas e moedas no valor combinado de 80 mil milhões de libras, e a transformação do dinheiro poderá demorar dois anos, tal como aconteceu quando Isabel II subiu ao trono, em 1952.
O rosto da monarca também aparece nos selos enquanto as letras EIIR, acrónimo de Elizabeth II Regina, são afixadas nas caixas de correio, o que irá também ser alterado, dando lugar à efígie de Carlos III.
Quanto às bandeiras que mencionam a sigla EIIR, deverão ser substituídas dos locais onde estão hasteadas.
Por outro lado, o texto na capa dos passaportes do Reino Unido, emitido em nome da coroa, precisará ser atualizado, assim como o texto que aparece nos passaportes australianos, canadianos e neozelandeses.
Relativamente às armas reais, que ostentam um leão e um unicórnio encostados a um escudo, ainda não se sabe se serão alteradas, pois a mudança representaria um custo muito elevado para os cofres do Estado. As armas são amplamente usadas em instalações governamentais e, a terem um novo rosto, passariam a representar o País de Gales em referência a Carlos III.
Quanto à comunidade que liderava, a Commonwealth, também poderá sofrer mudanças políticas, já que alguns dos 14 outros países em que a rainha era chefe de Estado terão de ajustar as constituições. As alterações previstas poderão ter de ser validadas através de referendos em estados como a Jamaica e Belize. Em países como a Austrália, Nova Zelândia ou o Canadá, Carlos III deverá tornar-se monarca automaticamente.