Snipers em telhados, coordenação entre autoridades e longa experiência em megaeventos vão permitir a proteção de altas figuras do Estado e das multidões nas ruas de Londres.
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Poucos podem dizer que o dia da sua morte será tão planeado como o de Isabel II. Não só em questões protocolares, mas também os relacionados com a segurança nacional. O epicentro acontecerá na última despedida da rainha aos súbditos, o funeral, que deverá acontecer no dia 19 de setembro. A data vai ser ainda confirmada pelo Palácio de Buckingham. Será "a maior operação [de segurança] realizada no Reino Unido", afirmou um dos antigos chefes da unidade de contraterrorismo britânico Nick Aldworth à Associated Press (AP).
O antigo responsável, que coordenou a operação de contraterrorismo nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, adianta que o plano para manter os chefes de Estado estrangeiros e as altas figuras em segurança, no dia do funeral, está a ser preparado há anos. "Todas as nações vão querer que o seu rei, rainha, primeiro-ministro ou presidente esteja presente no funeral", acrescentou Bob Broadhurst, antigo comandante da Polícia Metropolitana de Londres à AP.
Uso de videovigilância
De acordo com os especialistas britânicos em segurança, serão colocados snipers (atiradores de elite especializados em tiros de longa distância e precisão) nos telhados de edifícios, no dia do cortejo fúnebre, quando o corpo da rainha sair de Westminster Hall numa lenta procissão até à Abadia de Westminster.
A Polícia e os serviços de segurança vão supervisionar as ações em conjunto a partir de uma sala de comando central no bairro londrino de Lambeth. A Polícia Metropolitana de Londres deverá assumir a responsabilidade geral.
O tenente-coronel João Alvelos aponta que foram megaeventos, como os casamentos reais, que ajudaram a construir a "longa experiência" do Reino Unido em montar grandes e bem-sucedidas operações de segurança. O membro da direção do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo acredita que as inovações, como a videovigilância inteligente, que recolhe dados biométricos (feições das pessoas, por exemplo) fortalecem a agilização das autoridades britânicas.
"Conseguem identificar um suspeito em duas horas e conhecer as suas relações rapidamente", clarifica. Na área da prevenção é a estrutura das polícias locais, como a da Polícia Metropolitana de Londres, que permite uma maior flexibilidade, ao cooperar até com empresas privadas de segurança, defende ao JN.
No que toca às multidões, para além das habituais grades de segurança, para controlar as filas, poderá haver triagem de bagagens em algumas aéreas para verificar a existência de facas ou outras armas entre o público.
Percurso
A longa viagem do caixão de Isabel II
Depois de tornada pública a morte de Isabel II, ao final da tarde de anteontem, no Castelo de Balmoral, na Escócia, o corpo da rainha sairá nos próximos dias daquele local e iniciará um percurso por vários pontos do Reino Unido. De Balmoral seguirá para o Palácio de Holyroodhouse, a residência oficial da monarca na Escócia. A Imprensa britânica adianta que será feita uma viagem de cinco horas no British Royal Train (comboio usado para transportar membros da família real) entre os dois pontos. Haverá depois uma cerimónia na Catedral de Santo Egídio, onde o público poderá prestar homenagem por 24 horas à rainha. No entanto, será em Inglaterra que irá decorrer a maioria das homenagens. O corpo da rainha deverá seguir de avião para a capital, onde o primeiro ponto de paragem será o Palácio de Buckingham, residência oficial da monarca em Londres. O caixão seguirá em procissão lenta para Westminster Hall, onde ficará por quatro dias. Durante 23 horas por dia, o público poderá prestar homenagem à monarca dentro do edifício, com tempo controlado por pessoa. O funeral vai ocorrer, previsivelmente a 19 de setembro, na Abadia de Westminster.