O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos moçambicano, Custódio Duma, considerou que o assassínio do jornalista Paulo Machava, em Maputo, vem juntar-se a uma série de crimes impunes que ameaçam o Estado de direito.
Corpo do artigo
"Independentemente das razões que estão por detrás deste assassinato, se profissionais ou pessoais, foi assassinado um jornalista, a seguir a tantos outros assassinatos, e isso mostra que o crime organizado é uma ameaça ao Estado de direito em Moçambique", afirmou Custódio Duma, numa alusão a vários homicídios de figuras conhecidas em Maputo ainda não esclarecidos.
Insistindo que é cedo para concluir que Paulo Machava foi assassinado na qualidade de jornalista, o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique frisou que o facto de a vítima ser muito conhecida pela sua atividade faz com que se espalhe o terror entre a classe jornalística.
"É natural que os jornalistas fiquem aterrorizados, principalmente enquanto não se souberem as razões por detrás do homicídio e, tendo em conta o facto de um outro jornalista muito respeitado, o Carlos Cardoso, ter sido assassinado [em 2000] por razões relacionadas com o seu trabalho", salientou o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos.
Para o jurista, a circunstância de a morte do jornalista seguir-se a várias mortes de figuras conhecidas no país, como a do constitucionalista moçambicano de origem francesa Gilles Cistac, em 3 de março último, mostra que o crime organizado está impune no país.
"A impunidade gera mais impunidade e parece que o crime organizado se sente à vontade perante as instituições que deviam combater o crime", observou Custódio Duma.
Paulo Machava foi morto a tiro, esta sexta-feira de manhã, no centro de Maputo, quando fazia a sua habitual corrida matinal. Foi atingido com quatro tiros, dois dos quais na cabeça e os restantes nas costas, na esquina entre as avenidas Vladimir Lenine e Agostinho Neto, duas das mais frequentadas de Maputo, por volta das 06.00 horas (05.00 horas em Portugal continental), segundo testemunhas citadas pela imprensa local.
A Polícia da República de Moçambique anunciou em conferência de imprensa ter iniciado as investigações deste crime.