Associação quer ver reconhecido por França "ato heroico" de português morto em ataque terrorista
A Associação Internacional dos Lusodescendentes (AILD) pediu hoje o reconhecimento, por parte das autoridades francesas, do "ato heroico" do português de 69 anos assassinado no sábado em Mulhouse, França.
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Num comunicado enviado à Lusa, a AILD solidariza-se com a morte deste cidadão português e pede que o Estado francês reconheça o "seu ato heroico" ao perder "a sua própria vida em defesa de polícias franceses, perante atos terroristas".
Assim, a AILD pretende, junto das autoridades francesas - nomeadamente o próprio município de Mulhouse e o Presidente francês, Emmanuel Macron - "reclamar o reconhecimento heroico deste cidadão português através da atribuição, a título póstumo, da condecoração honorífica Medalha Nacional de Reconhecimento às Vítimas do Terrorismo, criada em 2016, após os atentados de janeiro e novembro de 2015 em Paris.
A medalha é "uma ordem honorífica de França, concedida àqueles que foram vítimas do terrorismo, como é o caso, estabelecida pelo Decreto Presidencial de 12 de julho de 2016, pode ser concedida a franceses ou a estrangeiros vítimas de terrorismo em solo francês ou no estrangeiro", explicou a AILD.
A associação declarou ainda estar solidária com a família da vítima e com a comunidade portuguesa local.
Ficaram também feridos, com gravidade, dois agentes da polícia municipal, hospitalizados de emergência: um com ferimentos "na carótida" e o outro "no peito", disse o procurador Nicolas Heitz, em declarações à agência France-Presse, acrescentando que cinco polícias ficaram feridos no ataque à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo (RDCongo).
Este país africano enfrenta uma ofensiva, no leste, do Movimento 23 de Março, apoiado pelo Ruanda, um grupo que tem vindo a avançar em várias frentes desde 2021 e faz temer uma possível guerra regional.
Vários meios de comunicação franceses, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o suspeito, um argelino, em prisão domiciliária desde junho de 2024 e alvo de uma ordem de expulsão do território francês, gritou "Allah Akbar" (em árabe, "Alá é grande") várias vezes durante a investida.
Macron disse não haver dúvida de que o ataque com uma arma branca foi um "ato de terrorismo" e "islâmico", o que tenta "há oito anos erradicar" do país, ao falar à imprensa durante uma visita à Feira Agrícola de Paris.
"O fanatismo voltou a atacar e estamos de luto", disse o primeiro-ministro, François Bayrou, na rede social X, felicitando a ação das forças de segurança.
Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu ao ataque afirmando estar "chocada" e assegurando que "a Europa está determinada na luta contra o terrorismo".
"As minhas condolências à família da vítima inocente deste trágico ataque. Desejo uma rápida recuperação aos corajosos agentes da polícia feridos no exercício das suas funções", afirmou Metsola na rede social X.