Ataque a diplomatas na Cisjordânica é "sintomático do clima de nervosismo na região"
José Palmeira, professor de Relações Internacionais da Universidade do Minho, comenta ataque israelita a delegação de diplomatas na Cisjordânia ocupada.
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Tiros de advertência contra emissários estrangeiros são tolerados no contexto da diplomacia e do Direito Internacional?
Os incidentes ocorridos com os diplomatas europeus, na Cisjordânia, são obviamente intoleráveis e carecem de um cabal esclarecimento por parte do Governo israelita. Para além da proteção que lhe é conferida pelo Direito diplomático, os diplomatas efetuavam uma visita acordada com as autoridades israelitas que deviam protegê-los e não os intimidar, como aconteceu.
Este episódio pode ser considerado um recado de Israel após a forte pressão internacional pelo fim do bloqueio a Gaza?
Não se deve especular sobre o que aconteceu, mas sim aguardar os esclarecimentos que tanto a União Europeia como os Estados representados na visita já exigiram às autoridades israelitas. Este acontecimento não deixa, no entanto, de ser sintomático do clima de nervosismo que se vive na região, envolvendo não apenas israelitas e palestinianos, mas também o Governo de Israel e Governos europeus que têm criticado o massacre da população indefesa de Gaza.
Que medidas concretas Portugal e a União Europeia deveriam tomar em relação a este incidente?
Espera-se que tanto a UE como os Estados envolvidos exijam explicações convincentes acerca do sucedido. Como, apesar de tudo, o incidente não provocou vítimas entre os diplomatas, é de esperar que após os esclarecimentos prestados o assunto seja encerrado pelos europeus, que não estarão interessados em desviar as atenções daquilo que é realmente grave e que ocorre em Gaza e, em parte, na Cisjordânia.