<p>A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, foi libertada hoje, sábado, após sete anos e meio consecutivos em prisão domiciliária. Dirigindo-se aos cerca de três mil apoiantes que se reuniram junto à sua casa, Suu Kyi apelou a que "trabalhem juntos para atingir a nossa meta".</p>
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A Dama, como é conhecida no seu país, falou aos presentes durante dez minutos por cima da vedação da casa e junto de três membros da Liga nacional pela Democria, o partido que fundou em 1988 e que foi ilegalizado pelo regime militar que dirige o país.
Aung San Suu Kyi convidou ainda os seus apoiantes a escutarem o discurso que fará ao meio-dia de amanhã, domingo, na sede do seu partido.
A Polícia levantou cerca das 11 horas em Portugal as barreiras que impediam acesso à casa da líder da oposição para onde se dirigiram as cerca de três mil pessoas que aguardavam a libertação da líder da Oposição de Myanmar.
Ao longo do dia, alguns milhares de pessoas foram-se juntando na zona da residência da Prémio Nobel da Paz, onde aguardavam a libertação, já que a condenação de Suu Kyi a 18 meses de prisão domiciliária terminava hoje, sábado.
Os apoiantes da Nobel da Paz já se movimentavam na zona com maior facilidade depois de ter sido reduzida a presença de guardas unifornmizados que normalmente controlam os acessos.
Nas primeiras horas da manhã apenas algumas dezenas de apoiantes de Suu Kyi estavam nas imediações da residência, número que foi aumentando ao longo do dia e que atinge já perto de duas mil pessoas que, de vez em quando, gritam palavras de ordem pedindo a libertação da líder do movimento democrático.
Ontem, sexta-feira, à noite, o antigo enviado do secretário-geral das Nações Unidas para Myanmar, Razali Ismail, já tinha afirmado que junta militar que dirige o país não tem outra opção que não seja a libertação da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
As declarações de Razali Ismail, diplomata malaio, foram divulgadas pelo diário "The Star", um dia depois de o regime militar ter assinado a ordem de libertação de Suu Kyi, que tem 65 anos. "Se a deixarem em liberdade, isso significará um grande passo para a reconciliação nacional, se bem que não seja algo que aconteça da noite para o dia", acrescentou.
Quando foi enviado especial da ONU, entre 2000 e 2005, Razali Ismail procurou aproximar as posições da junta militar, presidida pelo general Than Shwe, e de Suu Kyi. Os seus inícios esperançosos foram coroados com a libertação de Suu Kyi em 2002, mas de imediato a situação retrocedeu, com a prisão de Suu Kyi em 2003 e o anúncio pelos generais do seu plano para a democracia, que não incluía a reconciliação nacional.
Suu Kyi viveu em detenção domiciliária durante 15 dos últimos 21 anos, por pedir, de forma pacífica, reformas democráticas no seu país. A oposicionista já fez saber, através dos seus advogados - porque não a deixam falar em público -, que não aceitará nenhuma libertação condicional.