A junta no poder em Myanmar vai julgar em outubro por corrupção a antiga dirigente Aung San Suu Kyi, disse o seu advogado, que defende a cliente em vários casos que podem custar-lhe décadas de prisão.
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Aung San Suu Kyi está em prisão domiciliária desde que foi afastada pelos militares, em fevereiro, num golpe de Estado que desencadeou uma revolta popular e uma repressão brutal da dissidência.
A galardoada com o prémio Nobel, de 76 anos, já está a ser julgada por violação das restrições da pandemia da covid-19, por ter importado ilegalmente walkie-talkies e por sedição.
Enfrentará um novo julgamento por quatro acusações de corrupção a partir de 1 de outubro na capital da antiga Birmânia, Naypyidaw, declarou esta sexta-feira o seu advogado Khin Maung Zaw.
Cada motivo é passível de uma pena de até 15 anos de prisão.
Os julgamentos em curso foram adiados dois meses devido a um pico epidémico e recomeçaram esta semana. A arguida não compareceu no primeiro dia por motivos de saúde.
A junta acusa-a igualmente de aceitar subornos e de ter violado uma lei de sigilo da época colonial, mas ainda não há data marcada para um eventual julgamento.
Desde que tomaram o poder, os militares têm reprimido violentamente os opositores e perto de 1100 civis foram mortos, encontrando-se detidos 6500, segundo uma organização não-governamental local, a Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP), que registou casos de tortura, violações e execuções extrajudiciais.
O exército justificou o seu regresso ao poder alegando fraudes nas eleições legislativas de novembro, vencidas largamente pelo partido de Aung San Suu Kyi. Após terem anulado o escrutínio, os militares prometeram novas eleições até ao verão de 2023.