<p>O primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, disse à cadeia de televisão norte-americana CNN temer que o forte sismo que atingiu terça-feira o seu país possa ter provocado "bastante mais de 100 mil mortos". Segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha, o sismo afectou três milhões de pessoas. <br /><br /><a href="http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1468939">»»» Envie relatos sobre o Haiti para o JN através do site, Facebook ou Twitter</a></p>
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"É difícil de estimar com precisão o número de vítimas, quantas construções se desmoronaram com os habitantes no interior. Penso que serão bastante mais de 100 000", disse Jean-Max Bellerive.
"Espero que isso não seja verdade, espero que muita gente tenha tido tempo de sair, mas tantos, tantos edifícios foram totalmente destruídos. Em alguns bairros não se vê ninguêm, não sei para onde foram essas pessoas", adiantou o chefe do governo haitiano.
Já do Brasil chegam notícia que dão conta da morte de pelo menos 11 capacetes azuis da força de estabilização das Nações Unidas no Haiti. O Brasil comanda uma missão de paz das Nações Unidas naquele país e há 1.266 militares brasileiros destacados, de acordo com o Ministério da Defesa.
Também Zilda Arns Neumann, coordenadora internacional da Pastoral da Criança, é uma das vítimas mortais do sismo no Haiti, de acordo com o gabinete do senador Flávio José Arns, que é seu sobrinho.
A médica pediatra tinha 73 anos e, em 2006, foi indicada para o Prémio Nobel da Paz, junto com outras 999 mulheres de todo o mundo selecionadas pelo Projecto 1000 Mulheres, da associação suíça 1000 Mulheres.
A outra vítima mortal já confirmada é o arcebispo de Port-au-Prince, monsenhor Serge Miot, noticiou a agência de informação religiosa Misna. “O corpo de Serge Miot, arcebispo da capital, foi encontrado sob os escombros do arcebispado”, anunciou a agência.
O vigário-geral, monsenhor Charles Benoit, foi dado como desaparecido, de acordo com a agência, que cita os missionários da Sociedade de Santiago, presentes no Haiti há 40 anos.
Com informações ainda escassas sobre o número de vítimas devido a dificuldades de comunicações, os poucos relatos referem cadáveres espalhados pelas ruas da capital, Port-au-Prince, que tem cerca de dois milhões de habitantes, e um cenário de destruição num dos países mais pobres do mundo.
O palácio presidencial ficou destruído, mas o embaixador do Haiti em Washington informou que o presidente da República, René Préval, e a mulher, Elisabeth Debrosse Delatour, estão a salvo.
René Préval, presidente do Haiti, já disse, em declarações ao jornal norte-americano Miami Herald, temer que existam milhares de mortos. "O parlamento ruiu. A sede da administração fiscal ruiu. Escolas e hospitais ruiram. Há escolas que estão cheias de cadáveres", disse.
200 soterrados nos escombros de um hotel
Entretanto, o secretário de Estado francês para a Cooperação, Alain Joyandet, afirmou que cerca de 200 pessoas estão dadas como desaparecidas sob os escombros de um grande hotel de Port-au-Prince, que ruiu.
"Disseram-nos que o hotel Montana ruiu. Disseram-nos que havia 300 pessoas no interior e que apenas 100 conseguiram escapar, o que nos preocupa muito", adiantou.
Estudantes bloqueados na universidade
Numerosos estudantes de uma universidade privada de Port-au-Prince ficaram bloqueados sob os escombros do edifício, indicou um responsável da instituição.
O edifício da universidade, situado em Turgeau, um bairro de Port-au-Prince, desabou numa altura em que numerosos estudantes se encontravam no seu interior.
"Pudemos libertar algumas pessoas dos escombros, há numerosos feridos", declarou o responsável da instituição, falando à rádio Sinal FM, em Pétion-ville, no leste de Port-au-Prince.
Outros estabelecimentos universitários, como a escola nacional de administração e a universidade da Agência Universitária da Francofonia (AUF), também foram destruídos pelo sismo.
O Director Geral das Imprensas Nacionais do Haiti, Willems Edouard, que se encontrava num dos edifícios universitários na altura do sismo, indicou que "várias pessoas, professores haitianos e estrangeiros", continuam "bloqueados no interior".
Chefe da missão da ONU no Haiti morreu
O chefe da Missão da ONU no Haiti, o tunisino Hedi Annabi, morreu no sismo de terça-feira. A Reuters confirmou também que há 14 mortos entre a equipa da ONU em Port-au-Prince e 56 feridos.
A ONU tem uma missão no Haiti que integra uma força militar com 6.700 efectivos de 17 países, comandada pelo Brasil, e dois mil polícias, estando numerosos funcionários dados como desaparecidos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já manifestou a sua preocupação face ao cenário no país e o enviado especial das Nações Unidas para o Haiti, o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, manifestou a sua disponibilidade para fazer "tudo o que seja necessário" para ajudar os haitianos nas operações de "resgate, recuperação e reconstrução".
O embaixador de Taiwan no Haiti, Hsu Mien-sheng, foi hospitalizado com várias fracturas, depois de a missão diplomática ter ficado completamente destruída, segundo o Ministério dos negócios Estrangeiros de Taiwan.