Bento XVI defendeu, este domingo, na capital angolana que são as mulheres que mantêm a dignidade em situações extremas como a guerra e referiu-se em concreto a dois casos vividos em Angola protagonizados por duas mulheres.
Corpo do artigo
Para Bento XVI, é essencial pensar nas "terras devastadas pela guerra, em tantas situações trágicas resultantes de migrações forçadas, ou não... são quase sempre as mulheres que lá mantêm intacta a dignidade humana, defendem a família e tutelam os valores culturais e religiosos".
"A história regista quase exclusivamente as conquistas dos homens, quando na realidade uma parte importantíssima da mesma se fica a dever a acções determinantes, perseverantes e benéficas realizadas por mulheres", disse.
O Papa referiu-se a dois exemplos "extraordinários", entre "muitos", começando por citar Teresa Gomes, uma angolana falecida em 2004, na cidade de Sumbe, depois de uma vida conjugal feliz de que resultaram sete filhos.
"Inquebrantável foi a sua fé cristã (Teresa Gomes) e admirável o seu zelo apostólico, sobretudo nos anos de 1975 e 1976[logo após a independência, com um regime de partido único de cariz marxista], quando uma feroz propaganda ideológica e política se abateu sobre a paróquia de Nossa Senhora das Graças, de Porto Amboim, conseguindo quase fechar as portas da Igreja", descreveu, e assinalando o seu papel fundamental na manutenção do culto religioso e das estruturas da paróquia.
Bento XVI referiu-se também a Maria Bonino, médica italiana, lembrando que se ofereceu para diversas missões voluntárias em África, tendo sido responsável pelo sector pediátrico no hospital do Uíge nos últimos dois anos de vida.
"Maria haveria de pagar com o sacrifício mais alto o serviço lá prestado durante uma terrível epidemia de febre hemorrágica de Marburg, acabando ela mesma contagiada", recordou o Papa, sublinhando que, apesar de transferida para Luanda, acabou por morrer, "faz depois de amanhã quatro anos".
Bento XVI defendeu ainda que a presença materna no seio da família "é tão importante para a estabilidade do crescimento desta célula fundamental da sociedade que deveria ser reconhecida, louvada e apoiada de todos os modos possíveis", adiantando que, "pelo mesmo motivo a sociedade deve chamar os maridos e pais às próprias responsabilidades para com a família".
Na recepção ao Papa na Igreja de Santo António, para o encontro com as mulheres, milhares os populares encontravam-se nas imediações.