Bolsonaro continua nos cuidados intensivos e enfrenta um pós-operatório "delicado e prolongado"
O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta um período pós-operatório "muito delicado e prolongado" após uma cirurgia abdominal que o manterá no hospital por pelo menos duas semanas, mas mostra uma "boa evolução" e começou a caminhar com assistência, informaram os médicos na segunda-feira (14).
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Bolsonaro, de 70 anos, continua na unidade de cuidados intensivos e alimenta-se através de uma sonda depois da operação realizada no domingo, duas semanas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter decidido torná-lo réu por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
O ex-presidente (2019-2022), que teve problemas de saúde recorrentes desde que sofreu uma facada no abdómen em 2018, foi hospitalizado na semana passada após apresentar uma "distensão abdominal" e fortes dores durante uma viagem pelo nordeste do país.
No domingo, passou 12 horas na sala de cirurgia submetido a uma laparotomia, procedimento que envolve abrir o abdómen para resolver "uma obstrução provocada por dobras no intestino delgado", escreveu Bolsonaro na segunda-feira no X.
Na mais recente das cirurgias pelas quais passou após ser esfaqueado, os médicos realizaram a "reconstrução da parede abdominal", segundo o hospital DF Star, em Brasília.
O cardiologista, Leandro Echenique, disse, em conferência de imprensa, que a cirurgia foi "extremamente complexa", mas "o resultado final foi excelente". "Vai ser um pós-operatório muito delicado e prolongado", advertiu o médico. As primeiras 48 horas serão "bastante críticas". "A nossa expectativa, correndo tudo dentro do previsto, é que fique pelo menos duas semanas" internado, afirmou o cirurgião-chefe Cláudio Birolini.
Segundo Echenique, Bolsonaro está "acordado, consciente, a conversar connosco, já fez até algumas piadinhas".
O ex-presidente apresenta "boa evolução clínica" e começou a caminhar com assistência, de acordo com o boletim médico divulgado à tarde.
Risco de complicações
Este é um dos procedimentos cirúrgicos "mais complexos" a que o ex-presidente foi submetido desde a facada que sofreu durante um evento de campanha em setembro de 2018, semanas antes de ganhar a eleição presidencial, apontou Echenique.
Desta vez, a parede abdominal estava "bastante danificada" e o intestino sofreu uma obstrução, "o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro há alguns meses", afirmou Birolini.
Os médicos explicaram que o período pós-operatório traz riscos maiores, como inflamação, infeção, pressão alta, trombose, problemas de coagulação e doenças pulmonares, por isso Bolsonaro precisará de medidas específicas para o seu tratamento.
No entanto, afirmaram que esperam que o ex-presidente eventualmente retome "uma vida normal, sem restrições".
Entre o hospital e os tribunais
Enquanto inicia a sua recuperação médica, Bolsonaro aguarda a divulgação da data do julgamento pelo STF, que o tornou réu por um alegado conspiração de golpe de Estado. É acusado planear uma suposta tentativa de golpe de Estado para permanecer no poder após as eleições de outubro de 2022, que perdeu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a acusação, Bolsonaro terá procurado apoio das Forças Armadas para impedir a posse de Lula. Se for considerado culpado, arrisca até 40 anos de prisão.
O ex-presidente alega inocência e diz que é "perseguido".
Bolsonaro também está impedido de concorrer às eleições até 2030 por ter questionado, sem provas, a confiabilidade do sistema de voto eletrónico. No entanto, ele insiste em que pretende concorrer às eleições presidenciais de 2026, nas quais Lula, de 79 anos, também pode ser candidato.