Os últimos meses têm trazido muitas dores de cabeça a Boris Johnson. As festas durante o período de confinamento alargam a margem para críticas e os pedidos de demissão sucedem-se. Depois da festa de Natal em 2020, também em abril e maio do ano passado ocorreram convívios nos jardins de Downing Street.
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O líder britânico já fez pedidos de desculpas públicos, mas a oposição não dá tréguas. Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, defendeu, no passado sábado, que a saída de cena do primeiro-ministro é uma decisão de "interesse nacional".
Por outro lado, vários deputados já fizeram saber que vão escrever ao Comité 1922, que administra o grupo parlamentar conservador, a pedir a demissão do líder. São necessárias 54 cartas para que uma moção de censura avance, mas de acordo com o "The Telegraph", o líder do comité, já deverá ter recebido mais de três dezenas.
A lista de convívios entre o staff do Governo britânico está agora a ser investigada por Sue Gray, a funcionária pública sénior que irá determinar qual o papel do primeiro-ministro neste contexto. Ao JN, José Palmeira, especialista em Ciência Política, refere que este deslize "não é razão para estimular uma crise política no Reino Unido", e parece ser esta lógica que Boris Johnson está a seguir num momento em que se encontra sob pressão.
Além de alegar que é preciso esperar pelas conclusões da investigação, as lamentações e as medidas que deverá tomar para tentar limpar a imagem do Governo são sinais de que uma renúncia ao cargo não passa pela cabeça do líder.
Nadhim Zahawi, secretário de Estado da Educação, nega que o Governo esteja a apressar uma série de ideias na tentativa de salvar a imagem do líder britânico. Esta segunda-feira, numa entrevista à "BBC Radio 4", o responsável referiu que Johnson "esteve bem ao pedir desculpa", reiterando que toda a gente tem "direito a errar".
No domingo, porém, a Imprensa avançou que o líder britânico tem intenção de congelar a taxa que é usada para financiar a BBC. Esta decisão está a ser vista como forma de recuperar a estima por parte de um eleitorado cada vez mais melindrado.
Simpatia pelo líder de Downing Street desce
Uma nova sondagem, publicada na última sexta-feira pela YouGov, dá conta do decréscimo de popularidade de Boris Johnson, mostrando que a aprovação líquida do líder britânico atingiu o seu pior resultado de sempre, com -52. Assim, e numa altura em que já soma várias polémicas, a simpatia do eleitorado pelo primeiro-ministro fica muito atrás dos piores números já registados por Theresa May. Este é um momento de oportunidade para os Trabalhistas que se mostram superiores nas intenções de voto.