Caiu a lei radical anti-tabaco que ia criar um país livre de fumo na Nova Zelândia
A legislação anti-tabaco da Nova Zelândia, cujo início estava previsto para o final deste ano, foi concebida para reduzir quase imediatamente o número de pessoas que consomem produtos do tabaco.
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Embora o número de adultos que fumam na Nova Zelândia seja relativamente baixo, apenas 8%, o anterior governo tinha imaginado um futuro em que o país fosse completamente livre de fumo. Para além do aumento constante do limite de idade, a nova lei teria reduzido o número de retalhistas capazes de vender produtos do tabaco para um máximo de apenas 600 em todo o país, uma queda maciça em relação ao número atual de seis mil.
Originalmente apresentado pela então primeira-ministra Ardern e elogiado por especialistas em saúde pública e defensores da luta contra o tabagismo, um conjunto de medidas quase idênticas foi recentemente anunciado no Reino Unido.
Em declarações esta segunda-feira, o novo primeiro-ministro do pais, Christopher Luxon, centrou-se na necessidade de relançar a economia, deixando de lado a luta contra o tabagismo. "Temos de reduzir o custo de vida e controlar a inflação para podermos baixar as taxas de juro e tornar os alimentos mais acessíveis", afirmou.
Luxon afirmou que o seu novo governo irá também concentrar-se, nos primeiros meses, na restauração da lei e da ordem e na melhoria dos serviços públicos. O anterior governo trabalhista teve dificuldades em controlar o aumento do custo de vida, uma questão global atribuída, em parte, a problemas de abastecimento relacionados com a pandemia e à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Nova Zelândia vai revogar leis anti-tabaco líderes a nível mundial
Os planos da Nova Zelândia para a adoção de leis anti-tabaco líderes a nível mundial vão ser revogados, confirmou Christopher Luxon, depois de ter tomado posse como primeiro-ministro, numa ação descrita como uma "enorme vitória para a indústria do tabaco".
Luxon, antigo patrão de uma companhia aérea, assumiu o cargo seis semanas depois de o seu Partido Nacional, conservador, ter ganho as eleições nacionais, pondo fim a um reinado de seis anos do Partido Trabalhista, iniciado por Jacinda Ardern. Foi empossado como chefe de um novo governo de coligação pelo governador-geral da Nova Zelândia, numa cerimónia realizada na capital, Wellington. "É uma honra e uma grande responsabilidade", disse Luxon aos jornalistas.
O conservador afirmou que daria prioridade à contenção da inflação e à descida das taxas de juro e confirmou também que iria abolir a chamada "proibição geracional de fumar", adoptada no ano passado, que impede a venda de tabaco a qualquer pessoa nascida depois de 2008. Luxon disse que a receita fiscal proveniente das vendas de cigarros em curso geraria uma receita bem-vinda para o governo, mas também expressou preocupação de que a proibição criaria um mercado negro florescente - e não tributado.
"Trata-se de uma grande perda para a saúde pública e uma grande vitória para a indústria do tabaco, cujos lucros serão aumentados à custa de vidas neozelandesas", declarou em comunicado a Health Coalition Aotearoa, o nome maori para a Nova Zelândia.