Para votar no Colégio Sagrada Família, em pleno bairro de Eixample, em Barcelona, é preciso esperar pelo menos meia hora. Na longa fila, que chega a dar a volta ao quarteirão, acumulam-se mais de 200 pessoas e é difícil encontrar alguém cujo voto não seja "Si-Si". Ou seja, defendem que a Catalunha deve considerada um Estado e que este deve ser independente.
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"Toda a minha família vota Sim-Sim", afirma entusiasmada Pilar Vallugera, que espera que este dia sirva para os catalães "mostrarem ao mundo que querem ser independentes".
Apesar de terem amanhecido com o alerta presente em várias capas de jornais, segundo o qual a polícia catalã, os Mossos d"Esquadra, poderá identificar os responsáveis pela abertura das escolas, poucos se mostram preocupados. O ambiente é de festa. Famílias inteiras, carrinhos de bebé, e até alguns cães pela trela vão entrando nas mais de 1200 escolas que desde as 9h da manhã acolhem o "processo participativo" organizado pela Generalitat para medir o pulso ao sentimento independentista catalão.
De acordo com os dados avançados pela Generalitat, à uma da tarde já tinham votado 1.142.910 pessoas. "Não é a votação definitiva, mas é muito importante", disse aos jornalistas o president, Artur Mas, depois de colocar o seu próprio voto na urna. O mandatário aproveitou também para pedir ao presidente do governo central, Mariano Rajoy, a convocação de um referendo oficial para se poder "decidir de forma legal o futuro do país".
Devido às duas suspensões do Tribunal Constitucional, a votação acabou por se transformar numa consulta popular não vinculativa. Ainda assim, os presentes acreditam o importante será a mensagem que a jornada de hoje envia para fora: "não interessa que não se chame referendo, o importante é que o dia de hoje seja um êxito e que isto seja o princípio de um processo imparável até à independência", diz ao JN Gabriel Claret, enquanto espera que o filho mais novo, de 17 anos, regresse da urna de voto.
A consulta está aberta a todos os cidadãos maiores de 16 anos, tanto catalães como estrangeiros, desde que residam na Catalunha. Também os catalães que vivem no estrangeiro podem participar no processo, desde que previamente inscritos.
Pilar acredita que se a participação na votação for elevada, o governo central vai ter que ouvir os desejos dos catalães: "este é um movimento transversal a toda a sociedade, não podem continuar a impedir-nos de decidir". Para esta funcionária pública, o próximo passo a seguir à consulta popular terá que ser necessariamente a "declaração unilateral da independência".