O Presidente da República sublinhou hoje, domingo, a "mais-valia" de uma estrutura como a Conferência Ibero-Americana, num mundo confrontado com desafios globais que exigem respostas globais.
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"É hoje unânime o reconhecimento de que o mundo está confrontado com desafios de natureza eminentemente global", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa intervenção no acto inaugural da XIX Cimeira Ibero-Americana, que decorre no Estoril até terça-feira.
Por isso, defendeu, é também "inquestionável" que as respostas a esses desafios, para serem eficazes, "terão de ser, também elas globais".
"E, não teremos respostas globais, por certo, sem diálogo e coordenação entre os Estados", salientou Cavaco Silva.
Assim, continuou, uma estrutura como a Conferência Ibero-Americana representa, neste contexto, "uma clara mais-valia para todos os seus membros".
"É nosso dever, em nome do futuro que ambicionamos para os nossos povos, tirar pleno partido do seu enorme potencial", enfatizou.
No discurso mais curto da noite, o Presidente da República falou ainda da diversidade que se pode encontrar dentro da própria Conferência Ibero-Americana, que todos souberam assumir com "naturalidade".
"Sabemos que as afinidades, por reais e profundas que sejam, nem sempre conduzem a uma uniformidade de posições, assim como a partilha de ideias não é necessariamente sinónimo de adesão incondicional a políticas semelhantes. A Comunidade Ibero-Americana respeita a diferença, aprende e enriquece-se com ela", declarou.
Porém, acrescentou, é "do interesse comum valorizar e tirar partido de tudo aquilo que nos une, e que é muito".
A este propósito, Cavaco Silva recordou as Cimeiras em que já participou, a primeira das quais há 18 anos, em Guadalajara, no México, enquanto primeiro-ministro, e a forma como ficou impressionado com a "unidade na diversidade".
"A nossa comunidade é um espaço de todos, um espaço que reconhecemos na participação plural dos agentes políticos e sociais, do meio académico e da classe empresarial, a sua grande riqueza", disse.
O chefe de Estado, que foi o último a discursar, retomou ainda o tema da crise económica, que já tinha sido abordado pelo primeiro-ministro português, na primeira intervenção da cerimónia, sublinhando, tal como José Sócrates a necessidade de tirar 'lições'.
Pois, sublinhou Cavaco Silva, a crise, que trouxe "gravíssimas consequências sociais", "só poderá ser verdadeiramente ultrapassada se dela soubermos extrair todos os ensinamentos".
"O que implica sermos capazes de encontrar um modelo de desenvolvimento que concilie a liberdade, a democracia e a economia de mercado com uma eficaz defesa dos valores éticos e uma firme presença de preocupações sociais", defendeu.