O presidente da República, Cavaco Silva, mostrou-se otimista em relação ao futuro de Timor-Leste mas notou que ainda existem "trabalhos ciclópicos" a desenvolver no território, fazendo votos que das próximas legislativas resulte uma situação de governabilidade.
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"Timor só tem dez anos e a erradicação da pobreza faz parte também da cooperação", afirmou Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas portugueses, no arranque de uma visita a Timor-Leste, que se prolongará até terça-feira.
Questionado se está otimista em relação a este país, que domingo celebra o 10º aniversário da restauração da independência, Cavaco Silva foi perentório em dizer que "Timor tem futuro" e lembrou que o país dispõe de um fundo financeiro que resulta da exploração de petróleo com mais de dez mil milhões de dólares.
Sublinhando que foi delineado pelo Governo um plano estratégico de desenvolvimento para os próximos 20 anos, o chefe de Estado notou, contudo, que "não faltam coisas por fazer" e apontou um exemplo concreto.
"Este trajeto que eu fiz do aeroporto até aqui dá claramente a ideia do que são - se quisermos usar uma palavra esquisita - trabalhos ciclópicos, gigantescos. [É] um desafio imenso e para isso é preciso construir uma administração eficiente e garantir governabilidade", disse, referindo-se ao percurso de alguns quilómetros que fez de carro entre o aeroporto de Díli e o Palácio de Lahane, onde está alojado, e ao longo do qual são visíveis inúmeras barracas.
Para que esse desafio seja bem-sucedido, defendeu, é essencial uma boa governação e um bom funcionamento das instituições democráticas. "Eu espero que das próximas eleições surja estabilidade política e governabilidade, que é fundamental", frisou.
Cavaco Silva considerou que Timor-Leste ainda faz parte dos chamados "Estados frágeis", mas defendeu que não pode ser considerado um "Estado falhado".
"Confesso que o meu receio quanto a Estados falhados já não está em Timor pode estar noutro país", disse, escusando-se a precisar a que país se estava a referir.