Mais de cem mil pessoas assinaram uma petição que propõe a entrega do prémio Nobel da Paz a Bradley Manning, o soldado norte-americano acusado de transmitir documentos secretos ao WikiLeaks.
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A iniciativa é da Roots Action, uma associação norte-americana, que reuniu 103 mil assinaturas, entregues ao comité responsável pela escolha do Nobel da Paz.
De acordo com a Reuters, os signatários afirmam que a distinção do jovem soldado poderia aliviar a "nuvem" que paira sobre o comité, depois de, em 2009, o prémio ter sido atribuído ao presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, pouco tempo depois de ter assumido funções e de ter intensificado os esforços dos norte-americanos na guerra do Afeganistão.
"De certa forma, o Nobel da Paz precisa mais do Bradley Manning do que o Bradley Manning precisa do Nobel da Paz", disse o jornalista norte-americano Norman Solomon, co-fundador da Roots Action e um dos principais promotores da petição.
Declarado culpado pela lei norte-americana, Bradley foi condenado, no mês passado, por 20 crimes, entre os quais cinco violações da lei da espionagem. O soldado foi, no entanto, ilibado da acusação de "ajuda ao inimigo".
O jovem de 25 anos reconheceu ter sido responsável pelo extravio de 700 mil documentos secretos de natureza militar e diplomática, disponibilizados online pelo site de Julian Assange. O soldado negou, porém, a acusação de ajuda intencional da organização radicalista, al-Qaeda.
Em declarações à Imprensa, Solomon sublinha a importância de pessoas como Bradley Manning para a paz e para a democracia. "Se não podemos dizer a verdade, a realização da paz transforma-se num exercício superficial de retórica e não uma realidade", afirma.
Esta não é a primeira vez que uma iniciativa do género chega às mãos do comité. No entanto, o mesmo diz não existir qualquer influência. Em resposta ao documento com mais de 5 mil páginas, Asle Toje, do comité norueguês afirmou que "o prémio Nobel da Paz não se trata de um concurso de popularidade. Um número elevado de assinaturas não pode ajudar nem prejudicar a candidatura", acrescenta.
Ao longo dos anos, o comité tem desvalorizado as críticas feitas aos escolhidos para a atribuição do prémio. A mais recente polémica surgiu com a escolha da União Europeia, no ano passado.
A distinção será anunciada em outubro e entre as nomeações, submetidas até ao final de fevereiro, constam o próprio Manning e outros nomes como a ativista paquistanesa de 16 anos, baleada por um talibã, Malala Yousufzai, o presidente da Colômbia, José Manuel Santos.