Taiwan lamenta as manobras militares da China em torno da ilha, alguns dias após a tomada de posse do novo líder do território, William Lai Ching-te, descrevendo-as como um comportamento provocador.
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A China lançou esta quinta--feira manobras militares "ao redor" de Taiwan, três dias após a posse do novo presidente da ilha, William Lai Ching-te, informou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.
"Os exercícios estão a decorrer no Estreito de Taiwan, no norte, sul e leste da ilha de Taiwan, bem como em áreas em torno das ilhas de Kinmen, Matsu, Wuqiu e Dongyin", acrescentou.
Segundo a agência, os exercícios, programados para durar dois dias, começaram às 7.45 horas (23.45 horas de quarta-feira em Portugal continental).
Num comunicado, o porta-voz do Comando do Teatro Oriental das forças armadas da China descreveu as manobras de hoje como um "castigo severo" contra o que disse serem as "forças independentistas de Taiwan".
Esta é uma "punição severa para os atos separatistas das forças da 'independência de Taiwan' e uma advertência severa contra a interferência e provocação de forças externas", disse Li Xi, citado pela Xinhua.
"Todas as forças separatistas a favor da independência de Taiwan vão acabar em sangue, com as cabeças partidas perante o acontecimento histórico da reunificação completa da China", afirmou Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia chinesa.
William Lai assumiu o cargo de presidente da ilha em substituição de Tsai Ing-wen (2016-2024), também do Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), na segunda-feira.
Provocação
"É lamentável ver a China adotar um comportamento militar unilateral e provocador, que ameaça a democracia e a liberdade de Taiwan, bem como a paz e a estabilidade regionais", declarou a porta-voz da presidência de Taiwan, Karen Kuo, em comunicado. "Face aos desafios e ameaças externas, continuaremos a defender a democracia", sublinhou.
Posteriormente, o novo líder de Taiwan, William Lai, garantiu que o território vai "defender os valores da liberdade e da democracia".
"Estarei na linha da frente com os nossos irmãos e irmãs do Exército para defendermos juntos a segurança nacional", afirmou Lai. "Face aos desafios e ameaças externas, continuaremos a defender os valores da liberdade e da democracia e a preservar a paz e a estabilidade na região", acrescentou.
Os exercícios ocorrem três dias após o discurso de tomada de posse de Lai, no qual defendeu que Pequim tem de "enfrentar a realidade da existência da República da China", o nome oficial de Taiwan.
O território de 23 milhões de habitantes opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera a ilha uma província sua, que deve ser reunificada, pela força, caso seja necessário.
Pequim considerou assim que o discurso de Lai promoveu "falácias separatistas" e "incitou ao confronto e à hostilidade" entre os dois lados do Estreito de Taiwan.