Pelo menos seis idosos chineses suicidaram-se na cidade de Anqing, na província de Anhui, depois de ter sido aprovada uma lei que obriga à cremação de todos os cadáveres a partir de 1 de junho. A decisão foi tomada por razões economicistas, uma vez o espaço para os enterros é cada vez mais escasso.
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Wu Zhengde, um homem de 91 anos, enforcou-se depois do filho lhe ter dito que tinha sido aprovada legislação que obriga à cremação de todos os mortos e que os caixões entretanto comprados começariam a ser apreendidos pelo governo local durante este mês.
Apesar das autoridades estarem a pagar 1000 renminbi (cerca de 120 euros) por cada caixão confiscado, os habitantes da região continuam a recusar serem cremados. Por isso, alguns têm cometido suicídio antes que a lei entre em vigor.
Shi Xuewen, de 84 anos, contou ao jornal chinês "The Beijing News" que os habitantes de Anqing e das localidades vizinhas têm vidas muito difíceis e, por isso, depois de morrerem, querem "dormir num quarto onde o vento e a água não entrem". Esse quarto, explicou, é o caixão.
Na China existe a tradição milenar do culto aos antepassados. Os parentes devem responsabilizar-se pelo enterro dos seus mortos e pela construção dos túmulos. Os caixões adquiridos podem custar verdadeiras fortunas, obrigando, muitas vezes, a poupar o dinheiro de uma vida.
Ainda de acordo com o mesmo jornal, Pan Xiuying, de 88 anos, comprou o seu caixão há mais de 10 anos. Já se tentou suicidar quatro vezes, depois de ter recebido a notícia da nova lei, mas tem sido sempre salva por familiares.
Segundo o jornal da Malásia " The Sun Daily", que conta que os habitantes de Anqing só foram informados das novas regras há dois meses, uma mulher de 83 anos, Zheng Shifang, matou-se depois de ter visto as autoridades destruírem o seu caixão.
O mesmo jornal adianta que foi lançada uma campanha nacional de incentivo à cremação e têm sido demolidos vários túmulos na tentativa de economizar espaço. As autoridades pretendem que, até ao final deste ano, 50% dos mortos sejam cremados e que, até ao fim de 2015, esse número aumente para 70%.