A CIA não estava preparada para prender e interrogar suspeitos da al-Qaeda após os atentados de 11 de setembro de 2001, e os métodos de interrogatório utilizados foram "repugnantes", disse, esta quinta-feira, o diretor da agência de informações norte-americana.
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"A CIA navegou em terreno desconhecido, não estávamos preparados. Tínhamos pouca experiência na detenção de prisioneiros e poucos agentes estavam formados para conduzir interrogatórios", disse o diretor da CIA, John Brennan durante uma conferência de imprensa.
O responsável dos serviços de informações norte-americanos fazia referência ao relatório da Comissão sobre Serviços de Informação do Senado dos Estados Unidos da América, divulgado na terça-feira, onde se conclui que as técnicas de interrogatório CIA "foram ineficazes" e "brutais e bem piores do que foi descrito pela CIA" aos membros do Congresso.
Nas suas declarações, o chefe da CIA também admitiu "ser impossível saber" se a tortura utilizada contra presumíveis membros da al-Qaeda permitiu recolher informações válidas para impedir futuros atentados, antes de reconhecer que os "interrogatórios coercivos" podem produzir "falsas informações".
Brennan - que nas suas declarações recusou utilizar a palavra "tortura" -, assegurou no entanto que as técnicas de interrogatório eram "legais" quando foram aplicadas, disse que alguns agentes "saíram do quadro que lhes foi fixado" e sublinhou que a CIA promoveu numerosas "reformas" para evitar a repetição deste género de derivas.
No período de perguntas e respostas numa conferência de imprensa inédita, o diretor dos serviços de informações dos EUA também negou que a agência tenha enganado a opinião pública e os responsáveis políticos, como sugere o relatório emitido na terça-feira pela Comissão do Senado.