Um estudo apurou que um terço dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) foram vítimas de agressão sexual. Um grupo de médicas acusa cirurgiões de assédio e abuso sexual durante o estágio. Os abusos aconteciam durante as cirurgias.
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O inquério, realizado pelas universidades Exeter e Surrey e pelo Grupo de Trabalho para Má Conduta Sexual em Cirurgia, aponta para um "padrão de mulheres estagiárias abusadas pelos médicos que as orientaram nos hospitais do SNS britânico", avança a BBC.
Cerca de dois terços dos profissionais de saúde que responderam ao questionário relatam ter sido vítimas de assédio e um terço afirma ter sofrido agressões sexuais por parte de colegas nos últimos cinco anos.
Judith, uma das vítimas que falou com a estação britânica, refere "ter sido agredida sexualmente quando estava ainda no início da sua carreira e era a pessoa com menos poder dentro do bloco operatório".
"[o agressor] só se virou e enterrou a cabeça na direção do meu peito", nesse momento "só paralisas e pensas porque está a cara dele no meu decote?", relata a cirugiã, cujo trabalho é atualmente é reconhecido no setor.
O estudo revela a existência de uma cultura de "silenciamento", uma vez que as mulheres entrevistadas afirmam que "é arriscado falar sobre aqueles que têm mais poder e podem influenciar as suas carreiras".
A iniciativa conclui que mais de 60 % destes trabalhadores foram vítimas de assédio sexual por parte de colegas, 30% foi agredidas sexualmente, 11 % foram chantageadas para manter contacto físico para conseguir oportunidades de carreira e 11 mulheres dizem mesmo ter sido violadas.
Os dados mostram ainda que os homens também são vitimas, com 24% a afirmar ter sido sido alvo de assédio, mas a conclusão é a de que "homens e mulheres cirurgiões vivem realidades diferentes".
O Colégio Real de Cirugiões disse "estar chocado" com estes dados.