Colégio da Comissão Europeia visita Kiev em fevereiro para apoiar candidatura à UE
O colégio da Comissão Europeia vai reunir-se com o Governo ucraniano em Kiev no início de fevereiro, para apoiar as autoridades ucranianas no processo de candidatura de adesão à União Europeia (UE), anunciou esta sexta-feira a presidente do executivo comunitário.
Corpo do artigo
Numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, na localidade sueca de Kiruna, após a reunião entre o Governo da Suécia e o colégio de comissários que assinala o 'lançamento político' da presidência sueca do Conselho da UE, Ursula von der Leyen revelou que o executivo comunitário viajará dentro de poucas semanas até Kiev.
Em resposta a uma questão sobre os progressos na candidatura da Ucrânia à UE, Von der Leyen anunciou que, "para apoiar esse processo, o colégio vai visitar a Ucrânia no início de fevereiro e haverá uma reunião do colégio com o Governo" ucraniano.
A presidente da Comissão não precisou uma data, mas para 03 de fevereiro está já agendada para Kiev a cimeira anual UE-Ucrânia, tradicionalmente celebrada em Bruxelas, mas que este ano terá lugar na capital ucraniana, com a participação do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e, do lado europeu, de Von der Leyen e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Apontando que Bruxelas e Kiev já estão a trabalhar em cerca de duas dezenas de pastas relacionadas com o complexo processo de adesão, Von der Leyen comentou que esta reunião na capital ucraniana "será uma boa oportunidade para aprofundar e intensificar os vários tópicos que estão na agenda".
A presidente da Comissão sublinhou que "o processo de adesão faz-se passo a passo", e a próxima grande etapa é "o relatório de alargamento do outono, pois espelhará os progressos que cada país candidato fez desde o início do ano".
No caso da Ucrânia, elogiou os progressos que têm sido feitos, mesmo em plena guerra, e destacou que é importante avançar com rapidez mas também com qualidade, e fez votos para que a reunião de fevereiro ajude a Ucrânia no sentido de o relatório de alargamento a ser publicado no próximo outono "reflita tudo isso".
Na conferência de imprensa conjunta dos líderes dos executivos de Bruxelas e Estocolmo, ambos mostraram total sintonia relativamente à Ucrânia, apontada como a prioridade máxima dos trabalhos da UE também para este semestre.
Na sua intervenção, o chefe do Governo sueco reiterou que Estocolmo fixou como quatro grandes prioridades do semestre europeu a segurança, a competitividade, a transição ecológica e energética e a defesa dos valores democráticos e do Estado de direito, mas colocando de forma destacada no topo da lista a Ucrânia.
Kristersson disse que a presidência semestral sueca tudo fará para "manter unidade e prevenir divisões" entre os 27 no apoio a Kiev, pois "a vitória da Ucrânia é existencial para a União Europeia".
"A unidade é o nosso maior trunfo, nenhuma outra tarefa pode ser mais prioritária", disse.
Intervindo a seguir, Von der Leyen agradeceu a Kristersson o facto de a presidência sueca "fazer da Ucrânia a primeira prioridade", lembrando que Estocolmo assume a presidência do Conselho da UE "numa altura crucial", em que se assinalam mais de 10 meses desde "o início da atroz guerra da Rússia".
Von der Leyen defendeu ser "fundamental preservar a notável unidade e determinação europeia" na resposta à agressão militar russa à Ucrânia, apontando que é fulcral "continuar a aumentar a pressão sobre a Rússia", assim como prosseguir "o apoio incondicional à Ucrânia".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
Para ajudar Kiev a responder às necessidades financeiras mais urgentes, a UE aprovou no final de dezembro passado um pacote de ajuda macrofinanceira para a Ucrânia, para 2023, no montante de 18 mil milhões de euros, tendo hoje Von der Leyen reiterado que o primeiro desembolso será efetuado já no corrente mês de janeiro.
Este pacote de ajuda -- "o maior alguma vez prestado pela União a um país parceiro", recordou hoje a presidente da Comissão - destina-se a apoiar serviços públicos essenciais, tais como a gestão de hospitais, escolas e o fornecimento de alojamento a pessoas deslocadas, assim como para assegurar a estabilidade macroeconómica e a reparação de infraestruturas críticas destruídas pela Rússia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
*** A agência Lusa viajou a convite da presidência sueca do Conselho da União Europeia ***