Congressistas norte-americanos desafiaram na terça-feira o "lobby' das armas de fogo, ao apelar à classe política que endureça a legislação sobre vendas de armas, depois da matança num cinema da cidade de Aurora, no Estado do Colorado.
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Quatro eleitos democratas fizeram soar o "alarme" durante uma conferência de imprensa no capitólio, reclamando a proibição dos carregadores de grande capacidade.
Mas a menos de quatro meses das eleições presidenciais e legislativas de novembro, são poucos os eleitos disponíveis para assumir o risco político de denunciar o 'lobby' da NRA (National Rifle Association).
Um assassino equipado com uma espingarda de assalto com um carregador de 100 cartuchos matou 12 pessoas e feriu 58, na passada sexta-feira, durante a estreia do filme "Batman", em Aurora, nos arredores de Denver. Mas este drama foi insuficiente para criar uma vaga de fundo.
A administração Obama não parece pronta para a batalha: "A opinião do Presidente é que nós podemos tomar medidas para impedir que as armas caiam em mãos erradas, com as leis existentes", declarou no domingo o porta-voz de Barack Obama, Jay Carney.
O senador Frank Lautenberg afirmou: "Não podemos deixar a NRA impedir as reformas de bom senso", questionando que "a NRA e os seus aliados garantem que querem proteger a liberdade, mas onde é que esta está, perante o medo, o perigo e o terror?"
Lautenberg deplorou "o silêncio, ensurdecedor quando se vê o que se passa", considerando que "é tempo de o nosso país de fazer qualquer coisa" a respeito da violência ligada às armas.
Este congressista estava ladeado por Carolyn McCarthy, cujo marido foi assassinado em 1993 por um atirador louco, que também feriu gravemente o seu filho.
"Não sei, e não compreendo, por que razão a NRA não trabalha connosco", lamentou a congressista, reclamando inquéritos ao passado dos compradores de armas, a que a NRA se opõe.
McCarthy deplorou ainda que este 'lobby' "consiga importantes quantias de dinheiro" e se dedique a "intimidar" os congressistas.
"Isto não tem nada a ver com a segunda emenda" da Constituição dos Estados Unidos, que garante o direito ao porte de arma, disse.
Também presente da conferência de imprensa, o senador Robert Menendez disse esperar que o drama de Aurora provoque "um debate nacional" sobre as vendas de armas, defendendo leis "responsáveis e razoáveis" sobre o assunto.
A Câmara dos Representantes e o Senado observaram minutos de silêncio pelas vítimas da matança de Aurora, como já tinham feito aquando da carnificina de Tucson, no Estado do Arizona, em janeiro de 2011, que causou seis mortos e ferimentos graves à eleita democrata Gabrielle Giffords.
Mas McCarthy salientou que desde que entrou para o congresso, no final dos anos 90, já observou 23 minutos de silêncio -- "quantos mais minutos de silêncio deveremos nós ter?", questionou.
Na segunda-feira, as duas senadoras da Califórnia, Barbara Boxer e Dianne Feinstein, publicaram um artigo no jornal San José Mercury News onde reclamam a interdição das espingardas de assalto, lembrando que 31 mil pessoas são mortas, todos os anos, nos Estados Unidos, com armas de fogo.