No último ano, quatro das ditaduras mais opressoras do Mundo - Tunísia, Egipto, Líbia e Iémen - chegaram ao fim. Os holofotes estão agora virados para a Síria, mas destes cinco regimes, apenas o líbio constava do Top 10 das sociedades mais repressivas do Mundo.
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À cabeça desta lista, elaborada anualmente pela ONG"Freedom House", está Myanmar (antiga Birmânia), considerado o país onde, em 2010, a vida privada dos cidadãos foi controlada de forma mais perversa e onde o grau de censura e repressão foi maior.
Apesar de, em Novembro do ano passado, se terem realizado as primeiras eleições parlamentares desde 1990, o facto de a líder do maior partido da Oposição, Suu Kyi, não ter sido libertada antes do acto eleitoral minou a credibilidade das autoridades do país.
Na lista dos "piores dos piores" seguem-se, por esta ordem, a Guiné Equatorial, Eritreia , Líbia, Coreia do Norte, Somália, Sudão, Tuquermenistão e Uzebesquistão. A "Freedom House", que elabora esta lista há 40 anos, incluiu ainda o Tibete, cujos habitantes são sujeitos a violentas repressões por parte das autoridades chinesas.
Segundo a edição de Julho/Agosto deste ano da revista "Foreign Policy", actualmente existem 40 ditadores em todo o Mundo e cerca de 1,9 biliões de pessoas vivem sob o jugo de 23 autocratas. Apesar deste cenário, 60% dos países do Mundo vivem em democracia.
De acordo com esta organização, o respeito pelos direitos universais do Homem sofreu um grave revés nos últimos cinco anos, pelo que, se nada for feito para travar este processo, "o número de pessoas a viver nestas condições terríveis só irá aumentar", alerta o documento.
As revoltas populares (maioritariamente no mundo árabe) e as mudanças político-sociais impostas em algumas regiões durante o corrente ano têm contribuído "para a rápida degradação das condições dos direitos humanos em vários dos países" incluídos no Top10.
Não é lícito que com o derrube de alguns ditadores, como são o caso de Ben Ali, Hosni Mubarak, Muammar Kadafi e Abdullah Saleh, aumente o respeito pelos direitos civis e políticos dos cidadãos dessas países. E o desfecho relativamente à Síria é ainda uma incógnita.
Os quatro derrotados árabes
A Tunísia deu o tiro de partida para a "Primavera Árabe". Os seus habitantes foram os primeiros a acender, com êxito, o rastilho da insurreição. Tomaram as ruas, desafiaram e derrubaram o regime autoritário, abrindo a porta para uma nova era.
A revolta tunisina foi seguida pelo Egipto e a contestação de 18 dias levou ao derrube de Mubarak. Mais de 40 anos depois tomar o poder na Líbia, e após oito meses de revolução e guerra contra o seu regime ditatorial, o coronel Kadafi foi morto por rebeldes em Sirte, a sua cidade natal.
Quarta-feira, e depois de três promessas falhadas, o presidente do Iémen assinou um acordo em que aceitou deixar o poder, com a garantia de que ele e a família não serão julgados, nem processados.
O vice-presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, formará um Governo com membros da Oposição e irá marcar eleições para, no máximo, daqui a três meses. Será Bashar al-Assad (à esquerda na foto), presidente da Síria, o seguinte?