A coordenação das operações de auxílio às vítimas do comboio Alvia, que descarrilou, na passada quarta-feira, à entrada da estação de Santiago de Compostela e originou 79 mortos, foi deficiente. Além de ter demorado cerca de duas horas a decretar o nível de alerta correto para o tipo de desastre, durante cerca de 100 minutos não existiu uma coordenador efetivo de operações.
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De acordo com o jornal espanhol "El país" - que teve acesso a dados oficiais confidenciais do serviço de emergências 112 e da Junta da Galiza - durante as primeiras horas após o desastre, os serviços de auxílio às vítimas estiveram entregues à solidariedade entre populares que habitam no local e profissionais das equipas de emergência.
"Nas imagens de televisão, via-se gente de bermudas e sapatilhas desportivas a darem ajuda no resgate. Isso, visto por um perito, constitui um exemplo de descoordenação. Duas horas depois, isso não pode acontecer. Todas as operações têm de estar nas mãos de profissionais", comentou ao "El País" um dos técnicos contactados.
Os dados oficiais permitem ainda concluir que demorou muito tempo - quase duas horas - para ser definido o nível de alerta (adequado às proporções do desastre, no caso o 2).
O jornal destaca, também, que levou 10 minutos após o acidente a solicitar o primeiro helicóptero e 90 minutos o segundo aparelho. Contudo, nenhum dos dois chegou ao local. O primeiro alegadamente devido à existência de neblina no local do desastre e o segundo por se encontrar avariado.
Também a implementação de dispositivos de iluminação tardou mais do que seria de se esperar. O "El País" destaca que a polícia solicitou dois geradores de energia para iluminar a zona às 21,41 horas. Os bombeiros voltaram a fazer o mesmo pedido às 22,14 horas. E o 061(Fundação Pública de Urgências de Saúde da Galiza) solicita o mesmo às 22,33 horas. Recorde-se que a primeira chamada para o 112 dando conta do desastre ocorreu às 20,40 horas (hora local, 19,40 horas em Portugal continental) e foi feita por uma habitante no local.
