Costa espera que atentados na Rússia não sirvam de pretexto para escalada na guerra
O primeiro-ministro, António Costa, expressou, este sábado, "condenação absoluta" dos atentados terroristas ocorridos em Moscovo e manifestou a esperança de que não sirvam de pretexto para uma escalada da guerra da Rússia com a Ucrânia.
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"Espero [que o atentado] não sirva de pretexto para uma escalada de uma guerra que nunca se deveria ter iniciado. A guerra nunca se deveria ter iniciado e os atentados nunca deveriam ter ocorrido", sustentou António Costa, na embaixada de Portugal em Paris, naquele que foi o seu último ato oficial numa visita ao estrangeiro como chefe do Governo português.
Costa lembrou que o Governo português já tinha feito uma "condenação formal e clara", mas reiterou a opinião de que "qualquer atentado terrorista é algo absolutamente repugnante, condenável, aconteça onde acontecer e seja qual for a motivação".
Além de uma "condenação absoluta" dos atentados, o chefe do Governo manifestou a sua "total solidariedade com as vítimas russas e as suas famílias".
Depois de lembrar que o atentado já foi reivindicado, António Costa disse esperar que a resposta não seja uma escalada na guerra. "A boa resposta é a repressão própria do crime de terrorismo que foi praticado", sustentou.
Pelo menos 133 pessoas foram mortas, segundo as autoridades russas, depois de quatro indivíduos armados terem aberto fogo contra centenas de civis numa sala de concertos num centro comercial nos arredores da capital russa, na sexta-feira. O ataque foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI), que diz ter ocorrido no contexto da "guerra violenta" entre o grupo e "os países que lutam contra o Islão".
Estado palestiniano para abrir caminho a "paz duradoura" no Médio Oriente
Costa defendeu a necessidade de abrir caminho a um Estado palestiniano de forma a assegurar uma "paz duradoura" no Médio Oriente que permita a liberdade aos povos israelita e palestiniano. "É fundamental não só um cessar-fogo, mas que possamos criar as condições para uma solução duradoura que passa pela criação de dois Estados na região onde se assegure a liberdade de vida ao povo israelita e ao povo palestiniano", defendeu António Costa, em Paris, na sua última visita ao estrangeiro como chefe do Governo português.
Costa manifestou a sua satisfação pelo facto de a União Europeia ter conseguido chegar a um acordo e a "uma posição comum para exigir uma pausa nos combates de forma a permitir a ajuda humanitária ao povo palestiniano". "Aquilo que se passa é um caso absolutamente inadmissível de violação do direito internacional e do direito humanitário", argumentou António Costa, depois de lembrar que os países europeus não só condenaram os ataques do Hamas de 7 de outubro, como concordaram com o direito de Israel a defender-se e até a atacar aquele grupo terrorista palestiniano.
Costa considerou, no entanto, que "ninguém pode reconhecer o direito de Israel a atacar de forma indiscriminada o povo palestiniano e a não assegurar o direito à vida, à tranquilidade e à paz do povo palestiniano".
O primeiro-ministro cessante deslocou-se a Paris na sexta-feira para assistir, acompanhado pela presidente da Câmara de Paris, a um concerto franco-português, comemorativo da Revolução dos Cravos, pela Orquestra Parisiense Centenária "Colonne", dirigida pelo maestro Cesário Costa. Hoje, António Costa presidiu a uma cerimónia de imposição das insígnias da Ordem do Mérito a Emmanuel Demarcy-Mota e a Victoire di Rosa na embaixada de Portugal em França.
A distinção foi justificada pelo "notável trabalho na Temporada Cultural Cruzada Portugal-França 2022" desenvolvido por Emmanuel Demarcy-Mota e Victoire di Rosa.
Costa disse ainda sentir-se bem em encerrar as suas visitas oficiais em França, onde iniciou os contactos com a comunidade portuguesa em 2016. "É aqui uma etapa que se encerra e abre-se agora caminho para novas etapas onde a relação entre Portugal e a França, entre as nossas comunidades e os nossos agentes culturais, vai seguramente continuar", concluiu.