Carlos foi um dos heróis da batalha da Baía dos Porcos que, esta semana, completou 50 anos. Hoje, passa os dias a pedir moedas aos turistas de Havana, em Cuba.
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Muito aconteceu depois daquela batalha. Naquele tempo, "lutávamos por amor a Cuba e à revolução. Não me preocupava em morrer em combate. Talvez tivesse sido melhor. Hoje seria um mártir em vez de mendigo", disse Carlos, ao site "Último Segundo", com as lágrimas a deslizarem pela cara.
Aquando do desembarque da forças norte-americanas na Baía dos Porcos (ou a 'Batalla de Girón', como se diz em Cuba), Carlos era o primeiro-tenente do Exército Revolucionário cubano. "No primeiro momento, pensei: estamos mortos. Não temos a menor hipótese contra o Exército mais bem armado do Mundo. Então, Fidel chegou à frente de batalha e sua presença deu-nos confiança. No segundo dia, já sabíamos com certeza que ganharíamos a batalha" - recorda. E ganharam.
Para Carlos, depois dessa batalha, muitas outras se seguiram, sobretudo, em Angola, onde guerreou ao longo de uma década. A guerra não o venceu, mas um acidente de carro empurrou-o para uma reforma por invalidez que lhe rende cerca de 10 euros.
À reforma junta o que vai angariando nas ruas de Havana. "O meu dinheiro só dá para a comida e sempre tive um lema: primeiro a comida, depois a bebida".
A miséria e o esquecimento afastam Carlos das comemorações oficiais da efeméride histórica que resultou na expulsão de 1297 exilados cubanos anticastristas, armados e treinados pela CIA.
"A festa é para o Governo, não é para as pessoas que arriscaram a vida", justifica.