A Croácia manifestou, esta terça-feira, a insatisfação com a decisão do principal tribunal da ONU de ilibar a Sérvia de genocídio, enquanto a Sérvia disse esperar que a decisão permita "uma paz duradoura" na região.
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O Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) ilibou, esta terça-feira, de genocídio tanto a Sérvia como a Croácia, ao decidir sobre dois processos relativos à guerra que opôs os dois países entre 1991 e 1995.
"Estamos insatisfeitos com a decisão do Tribunal, mas vamos aceitá-la civilizadamente. Devemos aceitar a decisão (...), ela é definitiva e não há possibilidade de recorrer", disse à imprensa em Zagreb o primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, horas depois do anúncio da decisão judicial.
Em Belgrado, por outro lado, o presidente sérvio, Tomislav Nikolic, disse esperar que a decisão permita, "no futuro, que a Sérvia e a Croácia tenham força para resolver conjuntamente tudo o que entrava a possibilidade de um período de paz e prosperidade duradouras na região".
O Tribunal da ONU pronunciou-se, esta terça-feira, sobre dois processos, um interposto pela Croácia contra a Sérvia e outro apresentado pela Sérvia contra a Croácia.
Em ambos os casos, o tribunal considerou que as alegações de genocídio não ficaram provadas porque, mesmo perante a extrema violência, não ficou provado que qualquer das partes visasse "destruir fisicamente" a outra.
A proclamação da independência da Croácia da Jugoslávia, em 1991, foi seguida de uma guerra entre as forças croatas e os secessionistas sérvios da Croácia, apoiados por Belgrado, que pretendiam integrar um Estado sérvio "etnicamente puro".
A guerra servo-croata, uma das que abalaram os Balcãs nos anos 1990, fez cerca de 20 mil mortos.
A Croácia recorreu ao Tribunal Internacional de Justiça em 1999 para que o tribunal determinasse que a Sérvia cometeu genocídio e que havia lugar ao pagamento de "reparações financeiras".
Em 2010, a Sérvia respondeu com uma "contra-queixa" em que acusava a Croácia de genocídio na operação militar que acabou por pôr fim ao conflito. Segundo a Sérvia, 200.000 sérvios foram então obrigados a fugir da Croácia.