O advogado de Francesco Schettino, acusado pelo naufrágio do Costa Concordia, que matou 32 pessoas, anunciou que irá propor uma pena de três anos e cinco meses de cadeia para o seu cliente, que esta quarta-feira começou a ser julgado.
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O advogado Donato Laino falava aos jornalistas à entrada do teatro de Grosseto, centro de Itália, convertido em tribunal para acolher o grande número de pessoas que compareceu para a primeira audiência do julgamento do naufrágio do navio Costa Concórdia, em 2012.
O julgamento começou cerca das 10 horas locais (9 horas em Portugal continental) e foram de imediato marcadas audiências para quinta e sexta-feira nas quais serão analisadas 242 petições de passageiros, grupos ambientais, administração italiana e também do grupo Costa Cruzeiros, proprietário do navio.
Segundo Laino, esta será a primeira petição da defesa, apesar da possibilidade de negociar a pena tenha já sido recusada durante a audiência preliminar.
A defesa de Schettino contesta que outros cinco acusados no processo do naufrágio tenham conseguido julgamentos rápidos nos quais foi possível chegar a acordo sobre as penas (entre um e três anos de cadeia).
Como exemplo, apontou o caso do chefe de unidade de crise da Costa Cruzeiro em terra, Roberto Ferrarini, para quem foi pedida uma pena de dois anos e 10 meses.
A surpresa da sessão foi a presença da bailarina e à altura membro da tripulação do Costa Concordia, a moldava Domnica Cemortan, que, segundo testemunhos, estava com Schettino na sala de comandos quando o navio embateu nas rochas.
Cermotan explicou à imprensa que se apresentará como parte civil e considerou "estranho que só haja uma pessoa no banco dos réus" quando a companhia Costa Cruzeiros também era responsável.
"Espero que se apure a verdade e que os verdadeiros culpados paguem pelo acidente", disse.
Representantes do Ministério Público e algumas partes civis contestaram nesta primeira audiência que a empresa Costa Cruzeiros possa apresentar-se como parte afetada.
Em fases prévias do processo, a companhia tinha chegado a um acordo pelo qual tem que pagar um milhão de euros de sanção administrativa pelo naufrágio do navio.
Francesco Schettino é acusado de múltiplos homicídios por negligência, de abandono do navio e de causar danos ambientais e incorre numa pena de prisão até 20 anos.
O Costa Concordia chocou com as rochas em frente à ilha de Giglio, na noite de 13 de janeiro de 2012, com 4.229 passageiros de 70 nacionalidades a bordo.
O navio tombou, gerando o pânico entre os passageiros, cuja retirada foi complicada por falhas registadas em alguns botes salva-vidas.
Centenas de pessoas foram forçadas a saltar para o mar.
Durante a evacuação do barco, Schettino terá abandonado o navio com passageiros ainda a bordo, mas o comandante alega que caiu acidentalmente num bote salva-vidas e garante que estava a coordenar a operação a partir da costa.
Schettino está em liberdade desde 5 de julho, depois de o tribunal ter decidido substituir a prisão domiciliária pela obrigação de apresentações periódicas no município onde vive, Meta di Sorrento, no sul de Itália.