Equipas de resgate procuram sobreviventes, no Morro do Bumba, em Niterói, entre os escombros de onde já foram retiradas 56 pessoas com vida e encontrados seis mortos. Estima-se que 200 pessoas estejam soterradas.
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Cerca de 150 elementos das equipas de resgate, ajudados pela população, procuram sobreviventes no Morro do Bumba, que desabou ontem, quarta-feira. O deslizamento de terra em Niterói elevou para mais de 170 o número de vítimas mortais do temporal que, esta semana, se abateu sobre o estado do Rio de Janeiro. Há ainda 160 feridos e 14 mil cariocas desalojados.
Mas a dimensão da tragédia pode traduzir-se em números mais dramáticos: centenas de pessoas podem ter ficado soterradas em Niterói, dizem os média locais. Segundo a edição online de "O Globo", serão pelo menos 200 os moradores soterrados.
Segundo coronel Adir Soares de Souza, que coordena o trabalho dos bombeiros no Morro do Bumba, há risco de novos deslizamentos no local. Não se sabe ainda quantas pessoas é que podem estar soterradas, mas a cada hora que passa aumenta o receio de que o número de mortos seja muito elevado.
“Trabalhamos sempre de forma positiva, entendendo que ainda existem vidas a serem salvas e que devemos fazê-lo o mais rápido possível”, disse Soares de Souza, em entrevista à rádio CBN. “As dificuldades são grandes, foi uma ocorrência rápida e os moradores não tiveram muito tempo para sair, mas trabalhos com optimismo”, acrescentou, citado pelo site do jornal “Globo”.
No terreno, as equipas de segurança estão a ser apoiadas por moradores do morro, que não desmobilizam na esperança de saberem notícias de familiares e amigos. "Não sei o que fazer... Quero ajudar mas não sei por onde começar. Meus primos estão lá dentro e a agonia é grande. Que Deus proteja minha família”, explica Gisele Pimenta, de 30 anos, que está à procura de cinco familiares que todos estavam numa mesma casa.
Gisele reproduz o relato de uma tia, retirada dos escombros com vida: estava na varanda quando ouviu um primeiro barulho, logo seguido de mais dois estrondos, antes de o morro vir abaixo. “Eu estou chocada, nunca pude imaginar que isso poderia acontecer com a minha família”, acrescenta, citada pelo site do “Globo”.
A comunidade atingida pelo deslizamento foi erigida numa área onde funcionava uma antiga lixeira, o que torna o local propício a deslizamentos. Agora, as equipas de resgate procuram sobreviventes entre toneladas de lixo em decomposição.
"Não se trata só de socorrer. Há risco ambiental", disse o secretário de Estado da Saúde brasileiro, Sérgio Cortês.
O Morro do Bumba foi, durante muitos anos, um aterro e, apesar de desactivado, era proibido construir naquela área. Contudo, a falta de fiscalização não impediu que ali nascesse uma área residencial degradada, assente em lixo decomposto.
Niterói estava já em situação de emergência devido ao temporal do início da semana que provocou 79 mortes.