O enfermeiro Héctor Arboleda Buitrago, investigado pela justiça colombiana por ter, alegadamente, feito mais de uma centena de abortos forçados a guerrilheiras das FARC, foi detido este sábado em Espanha.
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Sobre Arboleda, de 40 anos, existia um mandado de captura da Interpol pelos crimes de "tortura agravada, aborto sem consentimento e conspiração criminosa", segundo a página da internet da organização policial.
As fontes, citadas pela agência de notícias espanhola EFE, não forneceram pormenores sobre o lugar onde foi detido ou como foi encontrado Arboleda, embora a imprensa local indique que as autoridades colombianas "suspeitavam" de que o enfermeiro residia em Madrid.
O detido é investigado por presumivelmente ter realizado, de acordo com a imprensa, mais de uma centena de abortos forçados a guerrilheiras das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, uma prática que a procuradoria-geral da Colômbia está a investigar desde esta sexta-feira.
A entidade acusadora, que contou mais de 150 destes casos, abriu o processo depois de acumular "provas para demonstrar que o aborto forçado era uma política das FARC", explicou na sexta-feira o procurador-geral, Eduardo Montealegre.
A prática do aborto forçado, bem como a violação do direito à liberdade sexual das guerrilheiras, foi abordada em abril último no relatório "Violência sexual como crime internacional perpetrado pelas FARC", elaborado por especialistas da Universidade Sergio Arboleda, após dois anos de investigação.
No documento, os especialistas indicaram que são os guerrilheiros quem fornece contracetivos às suas companheiras de armas, e se estas engravidam são obrigadas a abortar, na maioria dos casos no meio da selva, com os consequentes riscos para a saúde.
Se decidem ter o filho, podem ser julgadas, com possibilidade de sentença de morte, algo a que só escapam as namoradas ou mulheres dos comandantes, que podem ter filhos e uma melhor alimentação, entre outras coisas, o que gera "estratificação" dentro do grupo armado, segundo o estudo.
O Governo colombiano e as FARC têm desde há três anos em curso um processo de paz em Havana, que ambas as partes pretendem concluir com êxito antes de 23 de março do próximo ano.