As autoridades chinesas detiveram, na sexta-feira, dezenas de pessoas que, por toda a China, celebravam a atribuição do Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo, segundo fontes ligadas à defesa dos direitos humanos.
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Pequim, Xangai e Jinan foram algumas das cidades onde se verificaram detenções, segundo uma organização de defesa dos direitos humanos e um advogado citados pela agência France Presse.
"Na noite passada, pessoas foram levadas pela polícia. Eles (o Governo) não quer que as pessoas se juntem e celebrem", disse Teng Biao, um advogado militante dos direitos humanos.
"É um verdadeiro quebra-cabeças para o Governo, eles não querem que as pessoas saibam", acrescentou o advogado, referindo-se à atribuição do Nobel a Liu.
O Centro de informação dos direitos humanos e da democracia na China (CHRD), com sede em Hong Kong, também relatou detenções.
"Quando alguns se juntaram em pequenos grupos para celebrar este acontecimento importante, algumas dezenas de simpatizantes de Liu foram levados e detidos", indicou, numa mensagem de correio electrónico.
Por outro lado, sete intelectuais chineses assinaram uma carta felicitando Liu Xiaobo, na qual o qualificam de "estandarte da não violência na China", segundo um dos signatários.
No texto, divulgado no site www.peacehall.com, eles afirmam que "a China deve evitar uma revolução violenta com as consequentes revoltas em massa".
A mulher de Liu Xiaobo, Liu Xia, chegou hoje à província de Liaoning, onde o dissidente está detido, e deverá vê-lo domingo de manhã, segundo o CHRD.
Liu Xiaobo, 54 anos, está a cumprir uma pena de prisão de 11 anos por "subversão do poder do Estado", crime pelo qual foi condenado depois de ter sido um dos subscritores da "Carta 08", um manifesto por reformas políticas no país.
Nos grandes portais Internet chineses Sina e Sohu não é visível qualquer referência ao Nobel de Liu. As buscas de conteúdos com as palavras "Prémio Nobel da Paz" ou "Liu Xiaobo" não dão qualquer resultado.